( Por: Ricardo de Moura Borges)
O Senhor trabalha de dentro pra fora.
O mundo trabalha de fora para dentro. O mundo
tira as pessoas das favelas, Cristo tira as favelas de dentro das pessoas,
e depois elas mesmas saem das favelas. O mundo molda o homem, mudando seu meio, Cristo
muda o homem, e depois muda o meio. O mundo determina o
comportamento humano, mas Cristo pode mudar a natureza do homem.
( Ezra Taft Benson)
Este breve relato de experiência tem por finalidade refletir sobre pontos existenciais vivenciados por um professor de sociologia e filosofia. Um ano de muitos desafios, alegrias e amadurecimento pessoal, profissional e espiritual. É assim que destacamos o ano de 2019. Penso que a palavra chave para o enfrentamento das dificuldades foi PERSEVERANÇA, mas também é necessário destacar as adversidades vivenciadas durante esse período, dai destaco cinco inimigos no ambiente de trabalho dos quais aprendi a lutar e a perceber que tudo é uma questão de reflexão e amadurecimento.
O filósofo grego Aristóteles nos ensina que: " Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito". Nesta perspectiva o primeiro passo eficaz foi moldar os hábitos para uma vida disciplinada de estudos e a partir dai perceber que o ambiente de trabalho é algo vivo, que flui, sendo assim, aprendi que a escola é um laboratório de experiências diversas, onde nós professores somos protagonistas, onde somos pesquisadores constantes, Eis ai a primeira mudança de perspectiva, e o combate ao primeiro inimigo encontrado que foi a PREGUIÇA.
Quando nos colocamos no território do novo, do desconhecido surge o MEDO E A INSEGURANÇA, estes provavelmente são os dois piores inimigos que enfrento todos os dias, ao partir para novas experiências educacionais, tais como o PROJETO JORNAL O CORUJINHA, houve a manifestação destes durante um bom período de tempo, mas que foi sendo modificado pela SEGURANÇA de que estava no caminho certo, a partir do momento que percebi que a aprendizagem de fato aconteceu em vários âmbitos atingindo uma mudança de perspectiva, principalmente para o mim sobre o campo da sociologia. Um pensador uma vez disse: " Não conheço nenhum fato mais encorajador que a inquestionável capacidade humana de aceitar a própria vida através do esforço consciente" ( HENRY DAVID THOREAU), e quando racionalizamos os problemas, identificamos os problemas a partir de um diagnóstico válido, passamos a caminhar com os pés firmes, mesmo diante das adversidades.
Quando criança ouvi uma pequena anedota que do qual apliquei como regra fundamental para superar os problemas na vida adulta. A anedota de forma resumida, apresenta-se no seguinte:
Em certo tempo houve um desafio entre uma raposa muito rápida e ágil e um sapo que não pulava tão alto assim. Ambos teriam que ser submetidos a uma corrida e venceria quem chegasse primeiro na linha de chegada. A multidão que era composta de diversos animais da floresta estava eufórica para ver de cara aquilo que pensavam, ou seja, que o sapo perderia feio naquela corrida. Muitos bradavam:
- Ele não tem capacidade!
- Ele não não tem as habilidades da velha raposa!
- Ele possui deficiências insuperáveis!
- Ele possui deficiências insuperáveis!
- Ele é muito burro e vai se perder no caminho!
Foi dada a largada. O senhor Leão soltou seu rugido e assim começaram. A raposa perspicaz com sua velocidade saiu em disparada, a multidão eufórica elogiava seus movimentos rápidos. O sapinho lá a atrás seguiu o caminho e além de seu percurso vagaroso foi aturdido por diversas palavras de desânimo. ( E quantas vezes em nossa vida quando iniciamos uma corrida com o objetivos em mente não encontramos "amigos" que na verdade dizem que é impossível, que não somos capazes de vencer).
Mas algo começou a surpreender a multidão e a raposa, o sapinho se mantinha firme em seu objetivo, pulando, saltitando e firme em seus passos. Isso desestabilizou a raposa. Esta por sua vez começou a juntar pedras no caminho para dificultar o trajeto do pobre sapinho e a multidão começou a desvaloriza-lo ainda mais, gritando e berrando:
- Você é um inútil, não vai conseguir!
- Faremos de tudo para você não chegar no fim desse trajeto!
- Você não tem capacidade, desista enquanto é tempo!
E o sapinho firme em seu trajeto continuou até o momento que a raposa que era veloz ficou cansada de tanto correr e atrapalhar a vida do pobre sapinho. No final ele ganhou a corrida.
A imprensa da floresta foi curiosa atrás do sapinho para entender como ele ganhou uma corrida tão difícil, praticamente impossível. O mesmo foi questionado pelo senhor Macaco:
A imprensa da floresta foi curiosa atrás do sapinho para entender como ele ganhou uma corrida tão difícil, praticamente impossível. O mesmo foi questionado pelo senhor Macaco:
- Senhor sapo, como você conseguiu chegar ao trajeto. Quando nosso câmera o senhor Gavião estava filmando todo o trajeto, ele percebeu que mesmo diante das vaias da multidão vocês tava a sorrir, a cantarolar e a seguir FIRME o seu trajeto.
O sapinho suspirou mas nada respondeu. E continuaram as enxurradas de perguntas enquanto colocavam a medalha de ouro no sapinho e perceberam um fato!
O sapinho era SURDO. Pelo fato de ser surdo o sapinho não internalizou a negatividade vinda de fora, tinha como ponto interno o desejo de vencer, estava decidido a dar o melhor de si, pois apenas ele sabia realmente de suas capacidades e Deus o havia feito um campeão. Um campeão de si mesmo. O sapinho tinha um objetivo em mente, manteve seu foco, começou com UM OBJETIVO EM MENTE, e começou pelo mais importante.
Este breve conto é motivacional principalmente para enfrentarmos as CRÍTICAS NÃO CONSTRUTIVAS, muitos chamam de críticas destrutivas. Justamente foi ai que percebi que devemos não procurar a vencer o outro, pois isto muitos já fazem, mas vencer a nós mesmos, no fim de ano percebemos que conseguimos crescer, amadurecer e respeitar o diferente. Afinal, devemos todos nós sermos iguais? Pensarmos iguais? Nós colocarmos como superiores a outros? Partindo desse princípio e indagações percebemos que a mudança parte de dentro de si.
O sapinho soube trabalhar seu emocional, estava fortalecido por dentro e nada poderia derruba-lo de seus objetivos. A raposa talvez teria ganhado a corrida mas não o fez porque estava preocupado em destruir a vida do pobre sapinho.
O sapinho soube trabalhar seu emocional, estava fortalecido por dentro e nada poderia derruba-lo de seus objetivos. A raposa talvez teria ganhado a corrida mas não o fez porque estava preocupado em destruir a vida do pobre sapinho.
A busca pela construção da sinergia nos faz indagar: a sinergia poderia criar um roteiro para uma nova geração - uma geração mais voltada para servir e contribuir, que fosse menos protetora, menos antagônica, menos egoísta: uma geração mais aberta, mais confiante, mais confiável; menos ofensiva, desconfiada e politica: mais amorosa, mais dedicada e menos possessiva e crítica? (p.322 - COUEY).
E para finalizar não destacamos que estes estão superados mas que surgirão novos desafios e todos estes dos quais seremos amparados pela aprendizagem durante o processo vivenciado. Cada vivência é um aprendizado. Cada aprendizado um amadurecimento. Cada amadurecimento ajuda a combater o quinto inimigo que encontrei que é o EGOISMO. Viver em uma sociedade que valoriza o ter em detrimento do ser, o pensamento individualista, as minhas "verdades" é um desafio constante. Desde o inicio de meus estudos acadêmicos percebo que é necessário combatermos a indiferença, o egoismo, o desrespeito. E o primeiro passo e sairmos de nossas redomas e ir ao encontro do outro. Mas COMPREENDER primeiro para depois ser compreendido não é fácil, tendo em vista que muitas vezes não ouvimos o outro, mas o escutamos e logo jogamos nossas respostas prontas e acabadas, sem se interessar pelo universo do outro. Cada pessoa é um mundo. Augusto Cury diz: " não existem portas que não sejam abertas, existem chaves erradas paras estas portas". E onde encontrar essas chaves corretas?
O filósofo e matemático Pascal uma vez disse : " O coração tem razões que a própria razão desconhece", e nos inúmeros projetos desenvolvidos no ambiente escolar dentre eles o Jornal O Corujinha e o Teatro no Dinamismo Escolar aprendi que é necessário primeiro compreender para depois ser compreendido. Muitos de meus métodos não funcionaram porque pensava que estava pronto e acabado com a formação universitária e tinha todos os meios para promover o ensino - aprendizagem com os alunos. Mas sem escutá-los, sem promover o diagnóstico, sem notar que a turma e heterogênea e que cada um tem sua história de vida, a aprendizagem se tornou inviável. Contudo, foi por meio dos projetos citados acima que percebi a mudança que houve na forma do processo de ensino aprendizagem, pois por meio do Jorna e do Teatro o aluno passa a ser estudante, ou seja, aquele que pesquisa, que contribui como sua aprendizagem. E o professor de sociologia? Este passa a ser um mediador do conhecimento, que aponta e direciona o caminho para aproximar o estudante do conhecimento.
Saliento que houveram diversas oportunidades de aperfeiçoamento na vida educacional e estas são de grande valia, desde o PIBID ( Program Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência) e o Grupo de Teatro vivenciados na UFPI, as técnicas de teatro vivenciadas com o professor Gomes Campos no ICESPI, os Estágios, principalmente esse ultimo que vivenciei no Grupo Cultural Admó em Picos, no Estágio Supervisionado em Diferentes Contextos, nas rodas de conversa e discussão/ escuta no Mestrado em Sociologia, as reuniões de pais e professores vivenciados no ambiente de trabalho. O saber escutar o anseio, perspectivas e sonhos de alunos e professores. Tudo isso é um somar de experiências que agregam e são resinificados, chegando a conclusão de que estamos constantemente em processo formativo. O professor de sociologia em uma relação dialética ensina, e ao ensinar aprende, e ao aprender dá novos sentido ao seu processo de ensino aprendizagem.
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