quinta-feira, 16 de abril de 2020

Educação EaD em tempos de Pandemia

       
Prof. de Sociologia Ricardo de Moura Borges. 


     A educação EaD não é nova na sociedade. Desde os antigos pergaminhos das sociedades antigas que eram transportados para diversas regiões, onde o conhecimento escrito passava de geração a geração e comunidade a comunidade era considerado uma educação a distância. Basta, por exemplo, nos reportarmos aos escritos das Sagradas Escrituras, como o próprio Paulo de Tarso escrevia suas cartas a diversas regiões gregas. 
    O que estamos vivenciando desde os meados do século XX e início do século XXI é uma potencialização das ferramentas de comunicação e informação. Os sociólogos classificam que estamos vivendo a sociedade da Informação, onde as mudanças ocorrem de forma rápida e constante.       Isso causa impacto nas relações sociais. Muitos são os imigrantes digitais, que imigram para a sociedade do conhecimento digital, enquanto os mais jovens estão imersos desde seu nascimento nesses meios, conhecidos como nativos digitais.
      O que está acontecendo em 2020, já foi alertado por alguns pensadores, como o sociólogo Ulrich Beck ( 1944 - 2015), ao acentuar que vivemos em uma sociedade de risco. Claro que a análise do sociólogo estava justamente a busca constante e desenfreada do capitalismo, onde poderia acarretar em desastres ecológicos. Foi o que aconteceu a nível de exemplo, a tragédia em Mariana (MG), no ano de 2015, assim como Brumadinho no ano de 2019.
     O avanço das tecnologias da Informação e da comunicação, além de mudar a nossa forma de relacionamento com o outro, causou impactos construtivos na sociedade. Novas relações de trabalho, novos empregos, e a educação passou a reportar uma reflexão e uso sobre o assunto.
      Concluí o curso de História, e debrucei-me justamente sobre o uso dessas ferramentas digitais no processo de formação do professor de história, fazendo um recorte entre os anos de 2008 a 2015. História do tempo presente, e que  hoje se consolida na reflexão historiográfica, por se distanciar do tempo presente e se consolidar no passado. Mas o que seria o passado? O tempo? São indagações para outras reflexões.
    O que vivemos hoje é o debate constante frente a pandemia: seria a educação EaD, uma ferramente necessária que serviria de uso para a educação? Sabemos que os alunos estão em casa com os pais. Temos duas realidades distintas. Por um lado alunos de escola particular, onde em casa estão com os meios digitais acessíveis, muitos imbuídos de uma boa estrutura tecnológica, e com professores destes ambiente se adequando as cobranças do tempo, produzindo lives, blogs, canais do youtube, facebeook, dentre outras ferramentas. De outro lado, sabemos da realidade da escola pública onde, o ano de 2020, iniciou-se com uma greve deflagrada, onde os professores efetivos lutam por seus direitos por salários mais adequados. Quanto aos professores celtistas ( como é o meu caso), ficam sem receber melhores condições ( como salários) e estão sujeitos as determinações da hierarquia. Mas salientamos, que sabemos que muitos alunos estão desprovidos de meios tecnológicos adequados, como internet de boa qualidade, notebooks, celulares , espaço físico em casa, dentre outros meios.
    Participando das duas realidades, penso que as análises devem ser feitas a partir da realidade que cada professor está vivenciando. Pois, surgem diversos comentários a favor ou contra a educação EaD. Fato é que esta realidade não pode mais ser coberta pelo processo educacional. 
Surgida fora do ambiente escolar, as novas tecnologias de informação e comunicação ganharam um espaço, onde não podemos mais voltar atrás. Seus benefícios são evidentes, ainda mais em um momento em que estamos vivenciando um isolamento social.
     As criticas pertinentes ao processo de aprendizagem são evidenciadas desde o ensino presencial, onde percebemos que o mesmo acontece quanto as duas partes estão interessadas em construir o conhecimento. Por isso fala-se muito em professor mediador nos tempos contemporâneos, pois este possibilita meios para que a aprendizagem possa acontecer. Entendendo as duas realidades, pensamos que a aproximação dos conteúdos dispostos nos ambientes escolares, nos servem para fazermos profundas reflexões sobre a brevidade da vida, sobre o momento crítico em que estamos vivendo, sobre os impactos das tecnologias digitais no nosso cotidiano, sobre as mazelas sociais e a possibilidade que tempos de refletir sobre as mesmas. Imagine se esta pandemia fosse nas décadas de 1980, 1990, ou mesmo 2000, onde poucos tinham acesso a internet, ou mesmo quase ninguem tinha acesso a redes sociais como orkut, MSN, dentre outros, e em outros tempos nem existiam. 
    Hoje acordamos inseridos nos meios que proporcionam essa expansão do conhecimento com as lives no Instagran, o youtube, google em suas diversas plataformas, dentre outros recursos. assim, estas ferramentas servem como utensílios para que possamos construir uma base segura e reflexiva. Não são fins em si mesmo, mas são meios. Muitos auto-didatas aprendem sozinhos com os livros, e as vezes até em situações precárias, basta nos remetermos a história de vida de Machado de Assis, considerado um dos maiores literatas brasileiros. Mas também não podemos cair em uma falácia, tendo em vista que a educação sim é para todos. Mas qual educação? Vivemos violência simbólica nas instituições constantemente, e até daqueles que muitas vezes se passam por educadores, pedagogos, coordenadores etc. Mascaram-se em um discurso pseudo-marxista (pseudo-criticos), e infelizmente acabam reproduzindo as desigualdades sociais. 
       O papel da filosofia quanto da sociologia, fazem-se de fundamental importância por meio deste momento em que vivenciamos, pois assim descortinamos a realidade educacional que também está vinculada a vida politica local. A politica está inserida em todas as instancias sociais, e assim é papel da filosofia e da sociologia desmistificar aquilo que lutaram para naturalizar algo que não é natural. 

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