domingo, 16 de abril de 2017

ENSINO DE FILOSOFIA E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS: OLIMPÍADA DE FILOSOFIA DO ENSINO MÉDIO UNINTER NO ANO DE 2016 NA ESCOLA ESTADUAL PEDRO EVANGELISTA CAMINHA – PEC

Prof. Esp. Ricardo de Moura Borges.




            O presente relato de experiência propõe entender a aplicabilidade da Olimpíada de Filosofia do Ensino Médio desenvolvida pela Uninter em Curitiba e aplicada em diversas escolas brasileiras com o intuito de socialização do conhecimento filosófico contemplando as realidades presentes em cada local, tendo em vista o desenvolvimento crítico e reflexivo que a filosofia propõe estabelecer nos alunos do ensino médio. A escola que obteve essa experiência da Olimpíada foi a Escola Pedro Evangelista Caminha – PEC, localizada na cidade de Geminiano – PI, distante a 18 km do polo da Uninter em Picos- PI, sendo aplicado nos primeiros anos do ensino médio, a saber: 1 B tarde e 1 C noite.
            Dessa forma, entendemos que as Olimpíadas tem por intencionalidade proporcionar uma forma diversificada no educando, procurando não apenas a competição de indivíduos mas a busca constante pelo conhecimento filosófico, ampliando e dando acesso a sensibilidade do aluno frente ao texto filosófico provocando a sua criatividade de reinventar, ou de propor novas formas de se entender filosofia.  Assim, por exemplo, o contato com as obras filosóficas não pretende “... torna-los mais “refinados” e tampouco mais ‘artísticos’, mas os preparará para receber noções sutis sobre à criação, às respostas inventivas” (BARROS, 2012, p.12).
            Sendo que uma das ferramentas da contemporaneidade para demonstrar essa criatividade são as redes sociais, dentre elas destacamos a ferramenta youtube, que proporciona a possibilidade de socialização do conhecimento por meio do compartilhamento de vídeos, que podem ser produzidos mediante os diversos aparelhos tecnológicos digitais possíveis, a destacar: câmeras de vídeo, celulares, smartfones, câmeras fotográficas dentre outros. Essas ferramentas digitais proporcionam assim a atualização sendo que “a atualização é criação, invenção de uma forma a partir de uma configuração dinâmica de forças e finalidades” (LEVY, 2014, p.16). Ou seja, partir das realidades que muitos alunos já tem contato diariamente como “nativos digitais”, para anexarem os conhecimentos trazidos pelos “imigrantes digitais” que são em muitos casos, os professores.
            Devemos ter em mente que a implicação da amplitude do conhecimento filosófico em sala não se restringe a apenas a aulas isoladas de filosofia, mas também a problematização e a interação de outras disciplinas com a mesma. Tendo em vista, por exemplo, que filósofos como Anaxímenes criador do primeiro mapa (geografia), Aristóteles é considerado pai da biologia, Pitágoras pai da matemática, Descartes criador do plano cartesiano e assim por diante. Percebemos então que “a questão de ensinar filosofia começa a ser vista como um problema filosófico – e também político -, e não como uma questão exclusiva ou basicamente pedagógica” (KOHAN org. 2008, p.19).
            Utilizamos como ponto de partida o conhecimento que foi sendo adquirido pelos alunos do primeiro ano do ensino médio mediante aulas expositivas dadas pelo professor de filosofia, juntamente com o livro didático de apoio, intitulado Convite a Filosofia da filósofa brasileira Marilena Chauí, onde desde a apresentação do mesmo já discute os estereótipos presentes no senso comum quando pensa-se no que seja o filósofo, como “ alguém distraído que, sem prestar atenção no que se passa à sua volta, dedica a sua vida a pensar coisas distantes, complicadas, e provavelmente sem nenhuma utilidade” ( CHAUÍ, 2013, p.3), possibilitando um debate em sala de aula para uma aprofundamento sobre esse conceito que se forma na sociedade através de razões históricas, como o período da ditadura militar no Brasil ( 1964 – 1985), onde o objetivo a partir do ato Institucional nº 3 foi de abolir a disciplina de filosofia do ensino.
            Em um segundo momento expondo sobre o nascimento da filosofia tendo como ponto de partida um lugar específico (Mileto, Grécia antiga, séc. VI), procuramos entender em sala de aula como pensava os primeiros filósofos que se debruçavam sobre a phisys (natureza), para depois entendermos porque foram chamados de pré-socráticos, mesmo sendo que alguns conviveram e morreram depois de Sócrates, como é o caso de Demócrito. Sempre fazendo essa ponte de ligação do que significa a filosofia, como: “1) saber de todas as coisas, um saber universal (...). 2. É um saber pelo saber (...). 3. É um saber pelas causas.” (REZENDE, 2005, p.14).
            Em um terceiro momento e finalizando o primeiro capítulo do livro didático com as resoluções de questões, foi apresentado em sala de aula o projeto das Olimpíadas de Filosofia no Ensino Médio, apresentando as propostas e finalidades, tendo como a socialização do conhecimento dos alunos para demais alunos em diversos lugares por meio das ferramentas digitais. Foi também solicitado que os alunos em casa assistissem aos filmes: Matrix e a Sociedade dos Poetas Mortos. Tendo em vista, que esses conhecimentos poderiam futuramente transformar-se em artigo cientifico, como ponto de proposta dado pela Olimpíada.
            Sendo a sala dividida em grupos, onde cada grupo poderia, usando de sua magnanimidade, de modo que “a escola não amplia apenas a dimensão intelectual, mas também a humana” (Francisco, 2010, p.93). Onde o mesmo propõe que:
Nas escolas participem de várias atividades que os habituam a não se fecharem em si mesmos, nem em seus pequenos mundos, mas a se abrirem aos outros, especialmente aos mais pobres e necessitados, a trabalhar para melhorar o mundo em que vivemos. Sejam homens e mulheres em conjunto com os outros e a favor dos outros, verdadeiros campeões no serviço do próximo. (FRANCISCO, 2010, p.95).

            Diante disso, e pensando que a filosofia tem como intencionalidade a problematização da sociedade em que vivemos, os grupos trouxeram diversos temas onde poderiam ser demonstrados em sala de aula. Contudo, para um maior aprofundamento dos temas foram escolhidos duas possibilidades para apresentar, a saber: O mito da Caverna, escrito por Platão no livro X de A República, onde “Platão formula seu modelo ideal de cidade, a cidade justa, que serve de contraste para a cidade concreta”. (Marcondes, 2007, p.39).  A compreensão de cidade no início da Idade Medieval contemplando o pensamento do filósofo cristão Agostinho de Hipona.
            Assim os alunos produziram vídeos com esses respectivos temas apontados acima, com duração de no máximo seis minutos como foi apontado nas normas propostas pela Instituição. No primeiro vídeo ( disponível em https://www.youtube.com/watch?v=2kGNH2M1xGk.), intitulado o Mito da caverna observamos os alunos após uma apresentação sobre o mito, fazem uma encenação problematizando e trazendo o acorrentado que sai da caverna e percorre a cidade de Geminiano – PI, descobrindo as coisas que antes não foram vistas durante todo o seu processo formativo, trazendo a toda “ o espanto e admiração”, propostos como início da atividade filosófica por Aristóteles em seu livro a metafísica. Após os vídeos alguns alunos relataram a seguinte afirmação: “Professor foi nessa prática e no contato com o texto do Platão que começamos a entender o que é filosofia”. No segundo vídeo (disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=p65G2UPsQUU.) percebemos uma atualização e divulgação mais didática dos alunos onde por meio de narração e exposição de textos e gráficos, os alunos repassaram de forma interativa e dinâmica a socialização do conteúdo filosófico, entrando em contato com livros do filósofo, a destacar As Confissões.
            Concluímos que tal proposta oferecida pela UNINTER, trouxe uma contribuição muito rica para a Escola Estadual Pedro Evangelista Caminha, onde proporcionou uma amplitude do ensino de filosofia, mostrando interação, participação, problematização do conteúdo, amplitude do conhecimento filosófico que abarca todas as disciplinas garantindo uma socialização do conhecimento para todos aqueles que estiveram interessados na área de filosofia, fazendo com que o aluno passasse de mero espectador de aulas, para protagonista de seu processo formativo como estudante do ensino médio.



REFERÊNCIAS

BARROS, Fernando R. de Moraes. Estética filosófica para o ensino médio. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio, volume único. 2ª ed. São Paulo, Ática,2013.

FRANCISCO, Papa. A Igreja da Misericórdia: Minha visão para a Igreja. 1ª ed. São Paulo: Paralela, 2014.

GALLO, Silvio (Coord.). Ética e Cidadania: Caminhos da filosofia. 10ªed. Campinas – SP: Papirus, 1997.

LEVY, Pierre. O que é o Virtual. São Paulo: Editora 34, 2011.

__________. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2010.

KOHAN, O. Walter. Filosofia: Caminhos para seu ensino. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.

MARCONDES, Danilo. (Org.) Textos Básicos de Filosofia: dos pré – socráticos a Wittgenstein. 5ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.

Olimpíadas de Filosofia: O Mito da Caverna. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2kGNH2M1xGk. Acessado em: 02 de março de 2017.

Olimpíadas de Filosofia: Santo Agostinho. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=p65G2UPsQUU. Acessado em: 02 de março de 2017.

REZENDE, Antônio. (Org.) Curso de Filosofia: para professores e alunos dos cursos de segundo grau e de graduação. 13ªed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.