quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

A Odisseia da Filosofia - É Hora de Ler 4. 2018

Por Ricardo de Moura Borges.

BOTELHO, José Francisco. A Odisseia da Filosofia: Uma Breve História da Filosofia. São Paulo: Abril, 2015.

            Um livro de leitura agradável que condensa a história da filosofia com temas e pensamentos juntamente com os do autor. Está divido em doze capítulos, que vão desde os aqueles considerados os primeiros filósofos da história até os mais contemporâneos terminando com uma filosofa que faz uma problemática em relação a liberdade, colocando o problema do bonde assassino, que veremos mais adiante.
              Nos quatro capítulos primeiros encontramos os seguintes títulos: 1) A Aurora da Filosofia Ocidental; 2) O Sátiro de Atenas; 3) A Caverna de Platão; 4 ) Ille Philosophus. Nesses capítulos encontramos os pilares da filosofia antiga desde alguns pré socráticos ao aparecimento do filósofo que foi considerado o pai da biologia: Aristóteles conhecido na Idade Média como O Filósofo por excelência. Na aurora da filosofia encontramos o surgimento a partir de uma necessidade de formulação de um pensamento que não se sustentava mais com o antigo. Os mitos gregos destacados na Ilíada e Odisséia de Homero agora passam a ser vistos com outros olhos a partir dos físicos. Isso mesmo, observadores da natureza que destacam a observação dos fenômenos da natureza e querem descobrir um princípio que originou todas as demais coisas  existentes. O prosseguimento da filosofia deu-se com o Sátiro de Atenas, ou seja, o tão conhecido divisor de águas na História da Filosofia, Sócrates que foi pintado pelos seus discípulos dentre eles Platão como aquele que busca constantemente a verdade por excelência. Considerado como o Esquisitão, p. 57: " Era filho de um certo Sofronisckos, do demo Apoleke - demos eram espécies de clãs ou tribos, que formavam as subdivisões da população ateniense. O demo Alopeke era antigo e tradicional: a família de Sócrates acreditava ser descendente de Dédalo, um famoso personagem da mitologia". Seu pai era escultor e sua mãe era Parteira. Em sua culminância temos a sábia ignorância dada pelo falto de Sócrates colocar em evidência o tão famoso " Só sei que nada sei", colocando que é necessário sempre questionarmos as nossas certezas para sair das aparências a fim de se chegar nas essências. Platão segue os ideias de Sócrates fundando uma escola onde valoriza a Matemática como conhecimento seguro e dividindo a realidade em duas: mundo sensível e mundo inteligível. Um aluno de Platão se destaca muito em sua escola, mas acaba não aceitando todas as teorias do mestre, eis o ille philosophus, Aristóteles.
                Seguindo os próximos quatro capítulos encontramos: 5) O Outono da Filosofia Antiga; 6) O Labirinto de Deus; 7) O demônio de Descartes; 8) Sob olhar da eternidade. Temos uma nova distinção sobre a filosofia na Grécia, marcada justamente pela expansão do Império de Alexandre o grande até o domínio grego pelos romanos. Aqui, encontramos uma fragmentação do pensamento. Aristóteles acaba se exilando longe da cidade de Atenas, toma cicuta e diz que não permitirá que cometam o segundo atentado contra a filosofia ( o primeiro foi contra Sócrates). Surgem novas escolas filosóficas: Cínicos fundado por Diógenes que morava em um barril ( lembremo-nos do Chaves que morava dentro de um barril, ou pelo menos, passava muito tempo dentro deste). Será que Roberto Bolanhos se inspirou em Diógenes?. Na verdade p. 122: "Diógenes foi contemporâneo de Platão e Aristóteles mas não partilho do otimismo em relaçãoo ao mundo e ao conhecimento humano: introspectivo, desconfiado e misantropo".  Engraçado porque tinha como passatempo tirar de tempo muitos filósofos, como por exemplo, " certa vez, em uma palavra pública, Platão definiu o ser humano como um animal bípede e sem plumas. Diógenes capturou um frango, depenou-o e entrou de forma triunfal na Acadêmia, anunciando: ' Aqui está o homem platônico'. Outra escola foi o Céticismo clássico, onde seu fundador foi Pirro ( 365 -275 a. C). Teve influência dos gmnosofistas "que eram andarilhos hindus que se alimentavam apenas de grãos e demonstravam pelo mundo uma total indiferença". De acordo com o ceticismo clássico o mundo está dividido em Realidades e Aparências. As escolas Epicuristas ( fundada por Epicuro 341 a. C - 270 a.C) e a Epicurista ( fundada por Epicuro p.130 "onde acreditava em um universo plenamente corpóreo". Na tão conhecida Idade Média destaca-se grandes pensadores como : Agostinho, Boécio, São Tomás de Aquino e Guilherme de Ockham. Esses filósofos concebiam a filosofia como serva da teologia dando base de sustentação às verdades bíblicas apoiadas pela filosofia. Destacamos Boécio com o livro A Consolação da Filosofia. No inicio da obra descreve a si mesmo em sua cela, atormentado pelo medo, pela solidão e pela autopiedade. Subitamente surge, uma mulher diante do prisioneiro. Ela tem aparência jovem, mas algo em seu rosto denota indefinível antiguidade - é a própria filosofia que vem responder a Boécio por suas lamúrias. Posteriormente encontramos o filosofo da modernidade René Descartes que coloca a dúvida metódica como ferramente para construir um conhecimento seguro: a dúvida hiperbólica. Spnioza propõe no capítulo 8 uma visão da filosofia a partir da sua concepção de um Deus imanente: p. 174: " Tudo o que existe, existe em Deus, e sem Deus nada pode ser concebido".
            Nos últimos quatro capítulos temos: 9) Gelo quente e fogo frio; 10) Os limites do pensamento; 11) O véu de Maia; e 12) Os sentimentos deste mundo. Nesses capítulos encontramos criticas a formulação de Descartes a partir da visão de David Hume, a formulação de Kant pela critica da Razão Pura e da Razão Crítica. A filosofia de Nietsche e o descrédito que o mesmo deu aos filósofos clássicos. Na verdade ele considerava que Platão, Sócrates e Aristóteles mataram a filosofia que estava viva nos mitos gregos. Hegel e o positivismo sobre a realidade e o mundo em constante progresso. Por fim vemos o pensamento de Sartre onde estamos condenados a ser livres e a nossa essência precede a nossa existência, sendo que só saberemos quem somos no ultimo suspirar de nossas vidas e o filósofo da linguagem Wittgenstein que nos diz: Sobre aquilo que nada pode ser dito devemos manter o silêncio".

Esperamos você caro leitor na próxima resenha de livro. Ler é o Caminho!



sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

O Príncipe - Maquiavel - É Hora de Ler ! Livro 3. 2018

Por Ricardo de Moura Borges 





MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Pé da Letra, 2010. 126p.

             A presente obra embora tendo sido escrita no ano de 1513 mas publicada em 1532 com a intenção de conseguir garantir espaços de poder antes perdidos por situações politicas. A obra está dividida em vinte e seis capítulos e foi endereçada a Lourenzo de Médici. Encontramos: Dedicatória a Lourenzo de Medici como introdução. Depois por ordem dos capítulos: Quantos tipos são os Principados e de que modos se adquirem; Dos Principados Hereditários; Os Principados Mistos; Por que o Reino de Dário, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra sucessores após sua morte; De que Modo Governar as Cidades ou Principados que, antes de serem ocupados, vivam com suas Próprias Leis; Dos Principados Novos que Conquistam com Armas Próprias e com Virtude; Dos Principados Novos que se conquistam com as Armas e Fortuna Alheias; Dos que chegaram ao Principado por meio Traiçoeiro; Do Principado Civil; De que Modo se Devem Medir as Forças de todos os Principados; Dos Principados Eclesiásticos; De quantas Espécies são as milícias, e dos Soldados Mercenários; Dos Soldados Auxiliares, Mistos e Próprios; O que compete a um Príncipe acerca da Milicia; Daquelas coisas pelas quais os Homens, e especialmente os Príncipes, são louvados ou insultados; Da liberdade e da Parcimônia; Da Crueldade e da Piedade; se é melhor ser amado que temido, ou antes temido que amado; De que modo os príncipes devem manter a Fé na Palavra Dada; Como evitar ser Desprezado e Odiado; Se as Fortalezas e muitas outras coisas feitas pelos Príncipes são úteis ou não; O que convém a um Príncipe para ser estimado; Dos secretários que os príncipes tem junto de si; De que forma se afugenta os aduladores; Por que  os Príncipes da Itália perderam seus Estados; De quanto pode a Fortuna nas coisas Humanas e de que modo se pode resistir; Exortação para Procurar Tomar a Itália e Libertá-la das Mãos dos Bábaros; e por fim, encontramos uma Carta a Francesco Vettori. Um livro de linguagem fácil e de bom entendimento, onde encontramos capítulos breves de poucas páginas e que se ligam com os demais. 
               Esse paragrafo nos serve para situarmos nos temas sobre os quais houve a discussão do filósofo florentino. Niccolò di Bernado dei Machiavelli nasceu no dia 3 de maio de 1469 na cidade de Florença, hoje muito lido e discutido por muitos que se dedicam a construção do pensamento politico no Ocidente. Sabe-se que aos sete anos de idade, começou a estudar matemática, latim e logo depois pelo seu empenho começou a estudar grego antigo. A sua família já fazia três séculos em que participava dos cargos públicos da cidade de Florença. Aos vinte e quatro anos de idade Maquiavel tornou-se secretário da república de Florença e copista de um professor de literatura, aos vinte e nove anos foi nomeado chanceler e depois nomeado secretário dos Dez Magistrados da Paz e da Liberdade. 
             A roda da fortuna começa a mudar no ano de 1512, onde dez anos antes Maquiavel foi nomeado por César Borgia ( filho do papa Alexandre VI), representante do governo de Florença. Em 1513 foi preso e torturado por conspirar para a eliminação do cardeal Giovanni de Médici. Nesse período foi exilado, e foi aí onde escreveu uma de suas obras mais conhecidas: O Príncipe. 
      Lembremo-nos que a situação politica e social está passando por inúmeras transformações devido a expansão do comércio, descoberta de novos territórios até então não sabido pelos europeus, confronto com as entidades tradicionais religiosas, como a Igreja Católica, dentre outros fatores que serviram de base para entendermos que o nosso filósofo é fruto de seu tempo, e a partir deste começa a estudar a politica por uma nova ótica, ou por uma que até então não foi observada até o momento, dando sustentação ao pensar politico até a nossa contemporaneidade. Afinal, se fizéssemos a seguinte pergunta a você caro leitor: O poder politico do nosso presidente, governador ou prefeito provém de forças divinas ou de interesses políticos da sociedade e dos jogos de poder? Penso, que de forma unanime encontraríamos a resposta de acordo com a segunda parte da pergunta. Mas no tempo em que Maquiavel viveu não era bem assim a compreensão da politica. 
                Na Idade Média compreendida entre os fins dos séculos IV com a queda do Império Romano no Ocidente em 476 d. C, até o período da tomada dos Turcos Otomados que dominaram Constantinopla em 29 de maio 1453, a cultura e a sociedade europeia foi sendo constituída e cristalizada pelos pilares dos antigos gregos e romanos juntamente com a interpretação do cristianismo, tendo em vista que a Igreja Católica começou a ganhar espaço justamente com a aceitação e oficialização da religião cristã a partir do Imperador Constantino. Fundamentando-se em passagens bíblicas, como por exemplo, encontramos em Provérbios, 8, 15: “É por mim que reinam os reis e que os príncipes governam a justiça”, entendemos que a lógica do poder estava atrelado aos dois poderes: o Politico e o Divino.
               Maquiavel em sua obra propõe uma visão humanista da realidade politica demonstrando formas de o Príncipe, ou seja , o governante chegar ao poder e manter-se no mesmo, tendo em vista que nem o governante uma vez estando no poder quererá sair de lá, nem mesmo o povo quererá estar sob domínio de um governante se não for favorecido algo benéfico em troca. Aqui, surge uma questão interessante: O que seriamos de nós, por exemplo, se não existissem os governantes? Existiria Leis? Muitos provavelmente diriam que seria melhor pois não haveria corrupção, levando esse termo apenas para o campo da politica, outros iriam contestar dizendo que o simples fato de furarmos uma fila para nos beneficiarmos já é um caso de corrupção. 
                   Enfim, Maquiavel está preocupado em direcionar Lourenzo de Medici ao poder e fazer com que o mesmo reestitua os momentos de glória pelo qual o seu avó obteve em tempos passados.
                Por isso Maquiavel faz uma papel de historiador, mas um historiador aos seus moldes trazendo de volta reflexões dos antigos, como por exemplo, Tito Lívio que descreve os grandes governantes antigos, as suas estratégias para chegar e continuar no poder, como aconteceu com Alexandre o Grande. Então o governante deve obter métodos, como afirmou o filósofo: O primeiro Método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que têm a sua volta", dentre outras afirmativas que direcionam o estado do governante para agir com prudência e sabedoria diante do principado governado, assim como diz Maquiavel: " Ora desejando eu apresentar-me com algum testemunho, que prove a minha admiração por Vossa Magnificência, não encontrei entre meus pertences coisa de maior valia ou que tanto estime, como o conhecimento das ações dos grandes homens(...). Dessa forma em sua análise Maquiavel faz o papel de filósofo ao desnaturalizar aquilo que já era natural para muitos, ou seja, voltar aos antigos ( como um bom renascentista), para poder entender a lógica do poder politico em seu tempo. 
                 Dois termos são utilizados pelo filósofo florentino, a fortuna e a virtú, que são justamente elementos fundantes para que aquele que está no poder deverá continuar ou não no mesmo patamar. O primeiro está relacionado a sorte, acaso, destino da pessoa por na roda da fortuna aqueles que estão hoje fora do poder, poderá amanhã estarem no mesmo. O segundo elemento virtú, não são as virtudes que conhecemos hoje, como por exemplo, as virtudes teologais: fé, esperança e caridade. São virtudes que o príncipe ou o governante deve adquirir de acordo com o contexto em que se vive, sendo que se em uma situação o povo espera um governante sanguinário e destruidor, assim deve ser a postura do mesmo para que não se perca o poder. 
              No presente texto fiz uma atualização me referindo ao sistema de governo que vivemos, a democracia, contudo para Maquiavel só existem duas formas de governo: a república e o principado. Ele dedica a sua obra a Lourenzo II de Medici, lembrando que o Lourenzo I foi um excelente governante, trazendo muitos benefícios para Florença, esse segundo é o neto do primeiro. Maquiavel demonstra como se manter no poder sem ser odiado pelo povo, portanto, o príncipe é um tipo de manual politico. A  lógica do poder é tão interessante, ao observamos que a própria escrita do livro carregava uma intenção sendo que Maquiavel queria voltar ao poder, pois estava preso e exilado quando o escreveu, mas a fortuna ( sorte), não contava com o destino do filósofo que morreu em 1527 na pobreza e longe do poder. 
Caro leitor esperamos você no comentário do próximo livro.Não perca! Ler é o Caminho!

domingo, 14 de janeiro de 2018

História Moderna - É hora de Ler - Livro 2 . 2018

Por Ricardo de Moura Borges.




MICELI, Paulo. História Moderna. São Paulo: Contexto, 2016. 157p. 

           Este livro apresenta em uma linguagem simples e detalhada o processo de formação do período da história conhecido domo Idade Moderna, trazendo em sua introdução um título bem interessante: A Unificação da Terra, onde temos um relato sobre a luta contra a distância e a conquista dos mares do mundo. Classificado como Idade Moderna justamente pelas transformações ocorridas no século XV em diante com o mercantilismo, a religião cristã e o surgimento do protestantismo, as ideias dos renascentistas, dentre outros fatores.
                  Os capítulos estão divididos na seguinte ordem: O estado como obra de poder e arte; o humanismo fora da Itália; Entre religião e ciência; " a fabricação divina do rei; Os senhores do comércio e das financias; A cultura do povo; a Preparação do futuro; marcados por textos apresentados em boxes que complementam a reflexão do historiador. 
              Com curiosidades e perspectivas marcadas com uma reflexão de cunho autônomo do historiador atribui-se a esse elemento a riqueza do texto, fazendo da leitura agradável. A idade Moderna associada ao Renascimento e as grandes navegações, com feitos épicos marcaram com a unificação de pontos distantes da Europa. Assim, como delimita-se o início da Idade Média, com a queda do Império Romano no Ocidente e seu fim com a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 29 de maio de 1453 e seu fim marcado pela idade Contemporânea com a deflagração da Revolução Francesa em 14 de julho de 1789 inicia-se a Idade Contemporânea. 
              Curiosidades como por exemplo, a origem da palavra século p.11 " a palavra século latina saeculum era aplicada pelos Romanos a períodos de duração variável, ligada a muitas vezes à ideia de uma geração humana. Os cristãos, embora conservassem na sua antiga acepção, conferiam o sentido derivado da vida humana, vida terrena, em oposição ao além", apresentam uma contextualização aos discursos apresentados enriquecendo o texto e provocando clarificação ao esclarecer determinados termos, portanto, como continua " Mas no século XVI, certos historiadores e eruditos tiveram a ideia de dividir os tempos em porções  de cem anos. A unidade era bastante longa, a cifra 100 simples, a palavra conservava o prestígio do termo latino, e levou algum tempo a impor-se. Aqui é apresentado pelo historiador Jacques Le Goff no Enciclopédia Einaudi no texto " Calendário, onde " o primeiro século em que verdadeiramente se aplicaram o conceito e a palavra foi no século XVIII: a partir daí, esta cômoda noção abstrata ia impor a sua tirania à história". Outros historiadores também são apresentados como Julio Michelet ( 1798 - 1874), que p. 33 " usou pela primeira vez o termo Renascimento para nomear o vasto movimento que resultou na descoberta do mundo e do homem, dedicando o tema sétimo volume de sua monumental História da França".
              Termos como Anões em Ombros de Gigantes que na época do renascimento se fazia entender que eram os modernos ao se debruçarem nos textos dos antigos como Platão e Aristóteles, por exemplo, são discutidos também por aqueles que não aceitavam tal ideia, como p. " O humanista espanhol Juan Luís Vives (  1492 - 1540 ), condenou essa classificação, afirmando que nem os homens de seu tempo eram anões, nem os antigos eram gigantes. Ao contrário, os homens do século XVI, graças aos antigos, seriam até mais cultos". 
              No tópico O Estado como obra de Poder e Arte encontramos um dos períodos mais conhecidos em sala de aula, principalmente quando trabalhado nas aulas de filosofia onde percebemos o nascimento de uma Obra que marca o pensamento politico no Ocidente, a saber: O Príncipe de Maquiavel. Aqui o autor intitula Maquiavel e o poder do Príncipe justamente escrevendo sobre a lógica do poder em tempos tão difíceis para a cidade de Florença. Interessante que o olhar muda por exemplo quando percebemos como outros autores veem a obra, por exemplo, na p. 39 " Rousseau em uma nota ao Contrato Social, ponderou que Maquiavel era um homem ' bom e honesto ' amante da liberdade, mas não podia expressar esse sentimento devido à proximidade com os Médici".
            Por outros historiadores e sociólogos como Zigmunt Bauman vivemos na Era Pós Moderna. Qual será o próximo período da História depois do nosso? Na verdade todas as pessoas na humanidade viviam na Idade Contemporânea, ou seja, se voltássemos no tempo jamais um camponês de um feudo ou um grego antigo diriam que estariam morando na Idade Média ou Idade Antiga, mas sim na sua contemporaneidade. Dessa forma a história, o historiador demarca esses tempos, para melhor qualificar épocas de transformações sociais, econômicas, politicas, religiosas de uma determinada época espaço temporal, colocando assim um olhar sobre determinado período. 
               Caro leitor não perca as reflexões do próximo livro. Ler é o caminho!

História Medieval no Ocidente - É hora de Ler - Livro 1 - 2018


Por: Ricardo de Moura Borges.


CALAINHO, Daniela Buono. História Medieval do Ocidente. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. 124 p. 

          Nesta série apresento ao leitor os livros que li no ano de 2018 com a finalidade de compartilhar o conhecimento a partir de resenhas criticas de livros que marcaram o meu processo histórico formativo. Pois bem, o primeiro livro lido em 2018 foi História Medieval do Ocidente da historiadora Daniela Buono Calainho onde apresento a referencia bibliografia logo acima do texto. Apresenta uma leitura simples e contextualizada com imagens, mapas e reflexões bem pertinentes para contextualizar o período.
        Encontramos nas páginas inciais uma reflexão interessante sobre o conceito de Idade Média que foi construída com interesses de descaracterizar um período rico da história da humanidade marcado pela queda o Império Romano no Ocidente, e com a força da cristandade no Ocidente fazendo-se forte a presença da mentalidade cristã para entendimento da sociedade, onde " A Idade Média foi considerada, então como Idade das Trevas, a exemplo do poeta italiano Francesco Petrarca ( 1304-1374), que se referiu ao período como tenebrae (sombra, escuridão)."
         Esse período da história dividido pelos historiadores em dois momentos A Alta Idade Média (séculos V a X), onde encontramos os povos Germânicos no Ocidente; Os Francos Merovíngios e carolíngios e a Igreja na Alta Idade Média que vai ganhando destaque e poder nesse período; e Baixa Idade Média  ( séculos X e XIV), onde a historiadora se debruça sobre temas como: Os historiadores e o feudalismo, onde não necessariamente falar de feudalismo está atrelado a Idade Média mas a um período, como salienta p.13 " a de que a Idade Média não é sinônimo de feudalismo, ou seja, este termo vai ter um significado específico que marcou uma fase de Baixa Idade Média". A distinção da sociedade feudal e as monarquias feudais; o crescimento demográfico e estrutura agrária no Ocidente Medieval; A expansão do comércio e as cidades no Ocidente Europeu; O papel da Igreja no Ocidente medieval e por fim, a crise do século XIV e Início da Idade Moderna com a caracterização do renascimento Europeu. 
             O artista Rafael de Sanzio ( 1483 - 1520) caracterizou a arte medieval como gótico, termo que tem o sinônimo de bárbaro, tendo em vista que pelos modernos essa Idade Média foi percebida como " época de grande fanatismo religioso, ignorância e estagnação econômica", também conhecida como a " longa noite de mil anos". 
         O livro marca a perspectiva dos historiadores pós escola dos annales analisando diferentes perspectivas da história sem caracteriza-la no sentido de rotula-la, mas levando o leitor a pensar e refletir sobre esse período da história, por isso desde as páginas introdutórias marca uma reflexão importante sobre o próprio termo construído por pensadores do século XV em diante. 
             Caro leitor não perca as reflexões dos próximo livro! Ler é o caminho!