sábado, 24 de dezembro de 2016

I FEIRA DO CONHECIMENTO: Educação no Trânsito e Prevenção ao Suícidio



 Por: Prof. Esp. Ricardo de Moura Borges.



       A Escola Pedro Evangelista Caminha organizou a I Feira do Conhecimento, trazendo para a comunidade de Geminiano a produção de amostras sobre a Educação no Trânsito e a Prevenção ao Suicídio feita pelos alunos com auxílio dos Professores.
        Essas experiências ajudam a aprofundar o processo de ensino-aprendizagem, estabelecendo uma relação mais profunda entre escola- comunidade, comunidade-escola, aluno- comunidade. 
          Em uma das aulas de filosofia fui interrogado por um aluno: Qual o sentido de estudar esse assunto? . De imediato, parei e pensei... e logo respondi:
- Dos diversos problemas que vivenciamos no meio escolar, essa sua pergunta é muito pertinente, pois eu mesmo quando fui aluno do ensino fundamental e médio, fui diversas vezes acometido por essa mesma indagação em várias aulas que tive.
         Enfim, usando o filósofo existencialista Albert Camus em sua tão celebre e perturbadora frase que diz: " a vida não tem sentido, portanto, cabe a cada ser humano dar sentido a sua existência, penso que de forma introdutória estabelece-se como ponto de alicerce em entender o sentido daquilo que aprendemos na escola.
        Muitas vezes, e por muitos mais não todos ( não podemos ser generalizantes), a escola ainda é vista como um espaço obrigatório onde tenho que ir por causa da coersão social, ou seja, eu vou porque "todo mundo vai", "mãe briga" e "pai me bate se eu não for". Tendo em vista que norteado por esses motivos, então o aluno tem uma meta por finalidade estabelecida: TIRAR NOTAS BOAS, não importa o motivo, pode ser por meio de pescas, cópias da internet, suborno a um professor, ou seja, diversos artifícios menos : ESTUDAR PARA APRENDER O CONTEÚDO.
        Enfim, mas PARA QUÊ APRENDER UM CONTEÚDO? Se já tenho o pai GOOGLE que me disponibiliza todas as informações, por exemplo, sobre a Idade Média, sobre Platão e a sua metafísica, sobre os problemas do Plano Cartesiano de Descartes? Pra quê aprender português e suas regras semânticas, gramaticais, sintaxe ? Biologia pra que? 
Para responder todas essas questões devemo-nos lembrar da revolução copernicana de Kant ( por isso entendo a filosofia como a mais importante de todas - pois é meu óculos para ver o mundo, tal qual o matemático que vê o mundo pelas lentes da matemática e assim por diante. Immanuel Kant estabeleceu uma mudança de 180 graus no conhecimento, tal qual Copérnico ao estabelecer o heliocentrismo não concordando com o Geocentrismo estabelecido até então.
            Assim, entendemos que, o problema não necessariamente estão nos conteúdos mas nas valorização, importância dos conteúdos onde o aluno se debruça sobre tais e dessa forma dão sentidos aos mesmos. Mas pode se insurgir a celebre afirmação: EU PASSEI DE ANO, NEM DE RECUPERAÇÃO EM FIQUEI. Enfim, a realidade da educação brasileira onde a quantidade se sobrepõe a qualidade faz-nos perceber o seguinte: NÃO ADIANTA TER PASSADO, SEM NENHUM CONTEÚDO FIXADO. A escola ou o professor pode até garantir todos os meios ( notas, trabalhos, recuperações com consulta aos livros, atribuição de pontos extras para passar o aluno), contudo o aprendizado para a vida, para a coletividade, para a comunidade fica em prejuízo. Dessa forma o argumento do aluno que "passa", cai por terra, causando um problema de ordem ÉTICA E MORAL grave, onde encontram-se não necessariamente na Escola x ou y, mas no seu processo constitucional de forma mais ampla.
           Contudo, a assertiva de NÃO HAVER NENHUM CONTEÚDO SIDO FIXADO, pode ser questionada sobre diversos aspectos, dentre um deles e de forma concreta, destaco a I Feira do Conhecimento, onde a cada ano fico mais surpreso e feliz, com o desempenho, destaque e realização dos alunos, ao trazerem e exporem seus conhecimentos em amostras para a comunidade de Geminiano, penso que a resposta para o sentido dos estudos começa a ser dada de forma prática nessas amostras que acontecem nas escola, pois agora o aluno deixa passa a ser mais ativo, autônomo e consciente da realidade escolar em que vivem.




















sábado, 8 de outubro de 2016

Marilena de Souza Chaui Quatro décadas de filosofia.



Marilena Chaui é respeitada como intelectual e militante política. Participou ativamente da criação do Partido dos Trabalhadores – PT, em 1980. Ocupou o cargo de secretária da cultura da cidade de São Paulo no governo de Luiza Erundina, de 1989 a 1992, à época eleita pelo PT.
Algumas de suas obras a fizeram extrapolar o contexto acadêmico e atingir os leigos, como em O que é Ideologia, que compõe a Coleção Primeiros Passos da editora Brasiliense, e Convite à Filosofia, da editora Ática. É professora doutora honoris causa, título concedido por duas instituições estrangeiras – Universidade de Paris 8, França, e Universidade de Córdoba, Argentina. Possui centenas de artigos publicados em periódicos de grande circulação e científicos, dezenas de textos, entre livros e artigos publicados em obras de outros autores, em português e francês. Tem se dedicado, principalmente, à história da filosofia contemporânea, com foco em Baruch de Espinosa e Merleau-Ponty.
É professora titular do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), desde 1986.
Nascida na cidade de São Paulo, a filósofa estudou o Primário, e grande parte do Ginásio em Catanduva, no interior paulista. Voltou a São Paulo em 1956 para terminar o Ginásio e cursar o Colegial Clássico (Ensino Médio) no Colégio Estadual Presidente Roosevelt, bairro da Liberdade, para depois fazer graduação e licenciatura em filosofia na Universidade de São Paulo (1960-65), em seguida o mestrado (1966-67), apresentando a dissertação Merleau-Ponty e a crítica do humanismo. Em 1971, defende o doutorado com a tese Introdução à leitura de Espinosa. Em 1977, conclui o trabalho de livre-docência, 17Filosofia – Volume 14 A nervura do Real: Espinosa e a questão da liberdade, na mesma universidade. Realizou o pós-doutorado na Bibliotéque Nationale de Paris (BNP), concluído em 1987. Encontro com a filosofia
O pai da filósofa, Nicolau Chaui, era jornalista. A mãe, Laura de Souza Chaui, professora, tornou-se indiretamente responsável pelo primeiro encontro da filha com a filosofia. “Eu me encontrei com ela [a filosofia] muito cedo. Quando tinha 12 anos, li um livro de minha mãe sobre filosofia da educação e fiquei deslumbrada com um sujeito chamado Sócrates. Acho que não entendi quase nada do livro, mas a figura de Sócrates ficou gravada em minha memória por causa de uma coisa fantástica chamada maiêutica!”.
 Mas foi na escola que conheceu melhor a filosofia, estimulada por professores, por autores clássicos e disciplinas voltadas ao estudo de idiomas. “No meu tempo havia, após os quatro anos de Ginásio (no qual se aprendia latim, inglês e francês), o chamado Colegial (dividido em Clássico e Científico), que durava três anos e nos preparava para a universidade.
“Durante os três anos de Colegial Clássico (no qual se aprendia latim, grego, espanhol, inglês e francês) tive aulas de filosofia, que era uma disciplina obrigatória – eram cinco aulas semanais, isto é, com exceção do sábado, havia filosofia todos os dias.” A ênfase dada à filosofia (e outras disciplinas das humanidades) naquele momento era um dos caminhos para valorizar a formação humanística e crítica dos alunos.
A filósofa conta que no colégio Presidente Roosevelt havia estímulo à leitura, ao debate, à participação, ao desenvolvimento de propostas, às novas ideias, à participação política por meio do grêmio estudantil. “Para se ter uma ideia de como era o ensino, lembro que líamos Caio Prado Júnior nas aulas de história do Brasil; César, Cícero e Virgílio, nas aulas de latim; trechos de Homero, Sófocles e Platão, nas aulas de grego; Racine, Corneille e Molière, nas aulas de francês; Shakespeare e Milton, nas aulas de inglês; Cervantes e Machado, nas de espanhol; todos os poetas e novelistas românticos, simbolistas e modernistas, nas de literatura portuguesa e brasileira.”
Em meio aos clássicos da filosofia e da literatura, Marilena Chaui descreve a aula inaugural de filosofia na escola: “A primeira aula teve início com o professor dizendo o seguinte: ‘Palamede da Escola Eleata, Zenão de Eléia...’. Era uma classe de jovens com 15 e 18 anos de idade, que nunca tinham ouvido falar de filosofia, muito menos de Zenão de Eléia e menos ainda de quem poderia ser um tal de Palamede! O curso era de lógica e as primeiras aulas foram sobre Parmênides, Zenão, Heráclito e Górgias e o efeito sobre mim foi fulminante: descobri que era possível o pensamento pensar sobre o pensamento, a linguagem falar sobre a linguagem e que havia uma grande distância entre perceber e conhecer.”
Entre bons professores aos quais atribui sua formação, destaca um. “Tive um professor extraordinário, João Eduardo Villalobos, pessoa muito culta, irônica e cortante, que não fazia qualquer concessão à nossa ignorância, mas nos tratava como capazes de entender as aulas, pesquisar na Biblioteca Municipal, escrever razoavelmente. No meu caso, Villalobos era, ao mesmo tempo, a iniciação ao pensamento e o desafio de tomar conhecimento de um universo até então desconhecido e sem fim. Muitas vezes, foram suas ‘tiradas’ sobre algum fato corriqueiro do cotidiano que me fizeram olhar as coisas e as pessoas de uma maneira nova, problemática, instigante. Fui fazer filosofia na universidade por causa dele, sem dúvida. Mas também por causa de alguns outros professores.”
 Vocação A licenciatura em filosofia só confirmou o que Marilena Chaui já sabia. “Sempre me vi como professora e, na época em que fiz a faculdade, éramos preparados para o ensino, pois além do bacharelado, a licenciatura fazia parte de nosso currículo, visto que a filosofia era disciplina obrigatória no que hoje se chama ensino médio. Quase ninguém imaginava dar aula em universidades (isso era para muito poucos), mas todos se destinavam espontaneamente para o ensino médio.” Apesar da vocação e preparo para a docência no Ensino Médio, a vivência como professora nessa etapa de formação foi curta. “Dei aula no Colégio Estadual Prof. Alberto Levy, portanto, numa escola pública e, diga-se de passagem, das melhores. Foi uma experiência muito gratificante, pois o ensino médio (isto é, o curso Colegial) não tinha passado pelas sucessivas reformas que iriam desfigurá-lo e mantinha a formação que eu havia conhecido no Colégio Estadual Presidente Roosevelt, com ótimos alunos, muito diálogo entre os professores, todos exigentes quanto à qualidade do ensino e ao desempenho dos alunos, e boa infraestrutura de trabalho, particularmente, a biblioteca. Havia ciclos de debates e palestras sobre Filosofia – Volume 14 19 assuntos variados da cultura contemporânea com os professores da casa e com convidados especiais. No início de cada semestre, os professores se reuniam por afinidade de suas matérias e propunham trabalhar juntos determinados assuntos, mas ninguém usava o jargão da interdisciplinaridade; era óbvio para muitos que suas matérias e temas se entrecruzavam e que valia a pena um trabalho conjunto. Os alunos eram receptivos e interessados e vários deles foram fazer filosofia na universidade, segundo eles, estimulados pelas aulas.”
Para as aulas, os professores do Alberto Levy usavam a voz em sala de aula e os livros disponíveis em bibliotecas. “O professor preparava suas aulas com o material pesquisado na Biblioteca Municipal e, no caso dos alunos, como eram pouquíssimos os livros de filosofia em português (talvez uns 10 ou 15 títulos), consultavam livros em inglês, francês e espanhol (pois estudavam essas línguas no Colegial). Penso que o mesmo se dava com as outras disciplinas, embora algumas, como as de ciências e as de línguas contassem com livros didáticos, isto é, destinados especificamente ao programa de cada ano escolar.” A professora valoriza a indicação de livros de autores de referência em cada área, como uma ação comum dos professores nas “grandes escolas públicas” na década de 1960, inclusive no Colégio Alberto Levy. “A última coisa em que alguém pensaria seria em livros com ilustrações, pouco texto e quase nenhuma formação! Também nunca passaria pela cabeça de ninguém, em qualquer das disciplinas, em dar provas na forma de testes de múltipla escolha. E um professor se sentiria ofendido se recebesse um livro denominado ‘livro (ou exemplar) do professor’, ensinando-o a dar aulas, fazer provas e corrigir trabalhos!” Logo que defendeu a dissertação de mestrado no recém criado programa de pós-graduação da USP, em 1967, foi convidada a lecionar no Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da mesma Universidade.
Em tempos de ditadura Enquanto Marilena Chaui cursava graduação e licenciatura de filosofia na USP, vivenciou um momento conturbado da histó- ria política brasileira. De 1960 a 1965, viu quatro presidentes da República, uma renúncia presidencial e um golpe militar, que mudaram os rumos do País. A ditadura instaurada quando os militares tomam o poder não afetou inicialmente a educação (até 1968); somente as universidades sofriam com as constantes perseguições a professores e alunos.”Politicamente, a ditadura estava implantada, porém ainda não haviam chegado os anos de chumbo do AI-5 e a educação ainda não era alvo da Segurança Nacional nem estava encarregada de formar quadros para o ‘Brasil Grande’ de Delfim Neto e Golbery do Couto e Silva.
As perseguições haviam sido limitadas às universidades e, nestas, a professores individualmente visados por suas ligações com o Partido Comunista ou com os grupos que haviam apoiado o desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek ou as Reformas de Base, propostas por Jango Goulart. Ou seja, o ataque ainda não visava (como aconteceria a partir de 1969) à instituição universitária nem às instituições do ensino médio, mas a indivíduos”.
 Ao mesmo tempo, o ensino de filosofia no Ensino Médio buscou um caminho para não ficar à margem das questões essenciais naquele momento, de forma mais indireta. As fontes de inspiração e reflexão para professores e estudantes eram o existencialismo do francês Jean Paul Sartre e o engajado movimento cinematográfico Nouvelle Vague (Nova Onda), relembra a filósofa, que também destaca as prioridades da escola naquele momento: prezar e valorizar a cultura e respeitar a ciência. O clima nas escolas também era diferente: “Do ponto de vista social e econômico, a classe média ainda estava longe da indústria do vestibular, da competição desvairada e do sucesso a qualquer preço, de maneira que, na escola pública, havia uma atmosfera de camaradagem e cooperação tanto entre os alunos como entre os professores.” Ao fazer uma retrospectiva sobre o ensino de filosofia nos últimos 50 anos, Marilena Chaui acredita não ser possível uma análise sem relacionar a disciplina com as demais matérias do Ensino Médio, ainda que a exclusão da mesma pelos militares tenha sido justificada por motivos de subversão, ao lado da pedagogia de Paulo Freire e da história do Brasil, apresentada por Caio Prado Júnior, exemplos que cita. “Penso que é preciso inserir a filosofia no mesmo contexto em que se encontraram as demais disciplinas de humanidades – histó- ria, geografia, línguas e literatura brasileira e estrangeira. Filosofia, história e geografia foram, de início, submetidas à ideia de educação moral e cívica; em seguida, suprimido o ensino de filosofia, surgiu a disciplina estudos sociais, reunindo história e geografia; e a disciplina expressão e comunicação substituiu o ensino das línguas, além de suprimir o ensino de latim, grego, francês e espanhol.”
As reformas ocorridas no Ensino Médio brasileiro são resultado da orientação político-econômica no País, segundo Marilena Chaui. Nas mudanças, diz ela, a lógica do mercado prevaleceu em detrimento dos valores anteriormente cultivados e preservados na escola: ”O primeiro momento da reforma do ensino médio foi feito sob a égide do ‘Brasil Grande’, da Segurança Nacional e das recomendações do Departamento de Estado norte-americano (o chamado acordo MEC-Usaid) com ênfase nos conhecimentos técnico-cientí- ficos e desinteresse pelas humanidades, pouco significativas para o ‘milagre brasileiro’. O ensino médio passou a ser visto de maneira puramente instrumental (e não mais como período formador), isto é, como etapa preparatória para a universidade e esta, como garantia de ascensão social para uma classe média que, desprovida de poder econômico e político, dava sustentação ideológica à ditadura e precisava ser recompensada. Tem início o ensino de massa. A chegada de grande contingente de jovens aos vestibulares levou à instituição do vestibular organizado fora das próprias universidades, às provas sob a forma de testes de múltipla escolha e ao surgimento da indústria do vestibular.”

Para a pensadora, a privatização da escola pública, a redução da atuação do Estado na educação, a adequação do ensino às exigências do mercado e o controle ideológico da classe média pelo diploma universitário são aspectos essenciais a serem considerados para compreender a evolução do Ensino Médio nesse recorte histórico.

Fonte:http://portal.mec.gov.br/index.phpoption=com_docman&view=download&alias=7837-2011-filosofia-capa-pdf&category_slug=abril-2011-pdf&Itemid=30192. p. 16 - 21

domingo, 11 de setembro de 2016

Pitty cantando Metafísica??? O que é isso?

        
Por: Prof. Ricardo de Moura Borges. ( Filosofia)


        O problema metafísico parte do principio do conhecimento do ser. Significando, " aquilo que está além da física", entende-se como realidade que procurar sair das aparências com intuito de se chegar as essências. Platão, ao estabelecer o mundo das Idéias pretende demonstrar que é possível chegar ao mundo das essências, onde as coisas são do jeito que são e não podem mudar, portanto, para Platão aparência seria neste mundo sensível, pois este mundo onde vivemos é marcado pela corruptibilidade.
       Um dos problemas da metafísica proposto na modernidade é estabelecer que o nominalismo, dado por Platão, dificilmente poderia atingir as essências das coisas, como afirma o filósofo Hume. Além disso Kant estabelece que não podemos conhecer o nomeno ( a coisa em si), mas apenas as realidades que aparecem aos nossos sentidos, sendo que jamais poderemos saber da realidade total de uma coisa que se apresenta.
        O mais intrigante é quando percebemos o problema metafísico em nosso dia-a-dia, onde o nosso próprio nome não nos define, ora somos marcados por verdades, conceitos, ou seja nomes, que nos dão segurança em nossa vida, contudo, se pensarmos um pouco, poderíamos nos perguntar: Quem é homem? O que é o mundo? O que realmente existe. Tão acertadamente a cantora Pitty, em sua música intitulada: Só de Passagem, estabelece essa desconstrução norteada pela Metafísica.
        Ao dizer (cantar): "Eu não sou o meu carro... Eu não sou o meu cabelo... Esse no me não sou eu", estabelece uma ruptura e provoca uma questão filosófica: Quem realmente é você, caro leitor? Quem sou eu? O que me define?
        Aprender filosofia é partir da sensibilidade do nosso cotidiano, buscando entender o mundo que nos cerca a partir daquilo que outros filósofos construíram em seus tempos históricos distintos. Portanto, é de fundamental importância a leitura dos textos filosóficos, dos filósofos, de bons comentadores da filosofia, de resumos, resenhas, trabalhos científicos, para depois associar essas leituras com o admirável mundo novo que nos cerca.


sábado, 27 de agosto de 2016

Reunião de Pais e Mestres - Escola PEC 26/08/2016

      Por: Prof. Esp. Ricardo de Moura Borges. ( Filosofia)





Confira as palavras do diretor nesse vídeo:



         No dia 26 de agosto de 2016 a reunião de pais e mestres na escola Pedro Evangelista Caminha, com a finalidade de esclarecer para os pais os rumos da escola, a destacar: a avaliação qualitativa, os projetos desenvolvidos pela escola: Patativa do Assaré, Café literário, Matemática em toda Parte, Olimpíadas de Filosofia, dentre outros; a questão da merenda escolar, estrutura das salas de aula, corpo docente e discente da escola.
         A reunião de pais e mestres se faz de fundamental importância destacando que a escola torna-se uma família, ou uma extensão da família. Demonstrando uma relação não apenas de alunos com professores mas de professores com os pais dos alunos, aceitando-os em sua diversidade como bem ressalta Parrenoud, 2000, p. 124, ao dizer que:



A parceria é uma construção permanente, que se operará melhor se os professores aceitarem tomar essa iniciativa, sem monopolizar a discussão, dando provas de serenidade coletiva, encarnando-a em alguns espaços permanentes, admitindo uma dose de incerteza e de conflito e aceitando a necessidade de instâncias de regulação. (Perrenoud, 2000).


            Dessa forma entendemos, que a realidade escola-sociedade se faz presente e não é dissociada. A interação dos pais na escola se faz de fundamental importância, para perceber as necessidades e os caminhos trilhados por seus filhos no processo formativo. Essa construção dá-se não por professores ou gestores já construídos e acabados, que vão formar alunos, mas por um processo de permanente desconstrução de realidades que não se adequam ao hoje existencial, para uma nova reelaboração de metodologias que respondam as questões hodiernas.
            Como ressaltou o Coordenador Pedagógico Luis Acleudes: “ O aluno de décadas anteriores precisava na escola memorizar todas as capitais dos estados brasileiros ( sem problematiza-los – palavra do autor), hoje o aluno tem o mapa com as capitais nos seus celulares”, enfatizando que :  “ A  tecnologia digital hoje permite o conhecimento fora e dentro da escola, portanto, a escola não é mais a detentora de conhecimento, como era dada antes”.
            A exposição torna-se pertinente para que os pais dos alunos percebam as novas realidades enfrentadas pela sociedade, dentre suas diversas instituições, pois esse repensar passa pela família, igreja, politica e consequentemente pela escola. A Escola, portanto, não deve ser pensada de forma homegenea, onde funciona em todos os cantos da terra, ou do Brasil da mesma forma, embora tenha uma grade curricular semelhante, livros didáticos e professores formados em áreas distintas mas iguais para todo o território brasileiro, por exemplo.
            A solução encontrada e discutida no planejamento, foi o esclarecimento de que os professores e a gestão devem se adequar a realidade encontrada, ora um professor não pode ter o mesmo rítimo de uma aula dada em um colégio particular, e transferir a mesma didática para outra escola, no caso a Escola Estadual Pedro Evangelista Caminha, sem antes fazer um diagnóstico da realidade. Como bem aponta Luckesi, 2002, p.23 ao dizer que:


(...) avaliação pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou para transformá-lo. A avaliação é um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tenso em vista uma tomada de decisão.


            Aqui Luckesi está falando da avaliação dada pelo professor e aluno, mas essa avaliação pode ser ampliada para que tanto gestores e professores conheçam a realidade onde estão situados.
Nessa avaliação ampliada em sentido de entender a realidade escolar para depois agir, percebemos a importância de se aproximar da realidade onde se situa a escola, como por exemplo fazendo os seguintes questionamentos: de onde vem os alunos? Quem são seus pais? Qual o grau de escolaridade dos pais dos alunos? Quais são os seus empregos? A realidade é agraria? Quais as comunidades que a cidade de Geminiano atende? Existe discriminação de comunidades ou de alunos? Dentre outras perguntas que vão surgindo no decorrer das informações.
Nesse sentido avaliativo diagnóstico fica entendido que conhecendo a realidade vivenciada fica mais acessível um plano de ação eficaz, para aproximar o aluno da realidade em questão aos conhecimentos necessários para uma humanização constante do individuo. Ora, é necessário perceber que a escola tem essa função de humanização ressaltando características antes não percebidas pelos estudantes, assim desenvolvendo suas potencialidades.
Como sequência diagnostica o professor deve fazer também com seus alunos, em suas aulas especificas uma tempestade mental, ou seja, entender o que os alunos já sabem sobre determinado conteúdo para poder efetivar o seu plano de ação na realidade de conhecimento já encontrada. Como salienta HAYDT, 2000, p. 20:


Não é apenas no início do período letivo que se realiza a avaliação diagnóstica. No início de cada unidade de ensino, é recomendável que o professor verifique quais as informações que seus alunos já têm sobre o assunto, e que habilidades apresentam para dominar o conteúdo. Isso facilita o desenvolvimento da unidade e ajuda a garantir a eficácia do processo ensino – aprendizagem.


O desenvolvimento dessas potencialidades até meses atrás era medida unicamente por uma prova que era realizada no fim de cada mês, para medir, ou seja, saber o que o aluno realmente aprendeu. Percebeu-se que nem sempre essa forma era a mais viável possível. Como afirma VASCONCELOS, 1995, p. 37, ao dizer que :


A prática da avaliação escolar chega a um grau assustador de pressão sobre os alunos, levando a distúrbios físicos e emocionais: mal-estar, dor de cabeça, “branco”, medo, angustia, insônia, ansiedade, decepção, introjeção de autoimagem negativa. Uma escola que precisa recorrer à pressão da nota logo nas series iniciais, em certamente, uma triste escola e não está educando, é uma escola fracassada.


Essa realidade está sendo mudada, como afirma o diretor da escola PEC ao afirmar que “ A avaliação qualitativa não é uma mudança que se dará do dia para noite, mas um processo paulatino onde veremos os resultados no futuro”. Dessa forma, rompendo com o método tradicional de avaliação que foi dada como correta e inquestionável em tempos passados, mas que nos tempos atuais precisa ser repensada e reformulada.
Essa extensão dada na reunião de pais e mestres traz muitas contribuições positivas para a reavaliação dos professores enquanto formadores de opiniões ( palavra tão cara para a filosofia, tendo em vista que opinião é uma inimiga mortal de Platão – mas deixemos para outro momento de discussão a doxa...), onde fica evidente dois lados da moeda: primeiro o professor pode ser um incentivador e promotor de um saber antes não conhecido pelo aluno; e também, pode ser um desmotivador, rebaixando o aluno ou colocando situações problemas que injetam desanimo nos discentes.
É um momento de auto avaliação para todos: os pais pensarem como estão a educação dos filhos dada na escola, os filhos pensarem sobre seu processo formativo ( escola e família em casa), os professores auto-avaliarem seu processo de ensino aprendizagem, a direção e coordenação repensarem os caminhos que a escola deve seguir para garantir uma melhor aperfeiçoamento do todo ( discentes, docentes, sociedade).


             


BIBLIOGRAFIA
HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 13º ed. São Paulo: Cortez, 2002.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
VASCONCELLOS, Celso dos santos. Avaliação: concepção dialética libertadora do processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 1995.


Confira mais fotos:
































(fonte: Arquivo pessoal do professor de filosofia Ricardo de Moura Borges).

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Projeto Interdisciplinar: Queremos Paz.

        A Escola Normal há vários anos desenvolve um Projeto Interdisciplinar, com o propósito de favorecer a formação humana e integral dos alunos, integrar as diversas disciplinas em torno de um eixo temático e trabalhar também a transversalidade. 
         Considerando ser a escola o espaço de construção de conhecimentos, de formação de pessoas, de socialização, de convivência com a diversidade, constitui-se assim, lugar propício para que se dê o aprendizado e vivência de valores que norteiam uma sociedade pacífica para todos.
       Assim, o presente Projeto: " Queremos paz, através de atividades interdisciplinar, tem por objetivo formar cidadãos que pratiquem a paz nos diversos âmbitos. Espera-se que, a partir da reflexão sobre essa temática, os estudantes alcancem um nível de aprendizagem significativa e possam desenvolver atitudes de paz e respeito aos direitos humanos dentro e fora da escola, contribuindo para a formação de cidadãos que promovem o diálogo, a solidariedade, o respeito mútuo, a tolerância, a paz individual e social.
      A temática é bastante pertinente. A Paz está entrelaçada às práticas cotidianas de respeito e solidariedade e é papel da escola estimular a vivência desses valores que são imprescindíveis na promoção da paz e na construção de uma sociedade humana e fraterna.
          O projeto será desenvolvido de forma interdisciplinar, de modo que cada área une as disciplinas em torno de subtemas, tendo a pesquisa como princípio educativo e pedagógico, um estudo pautado na relação entre teoria e prática, construindo conhecimentos que integram a educação às diversas dimensões.
     Após todo período de pesquisa e produção, acontecerão dois dias de culminância para socialização das aprendizagens efetivadas junto a toda a comunidade escolar local, mediante apresentações artísticas e exposições.
Objetivos Gerais:

  1. Desenvolver atividades de pesquisa, trabalho e socialização de conhecimentos organizados e expressos através das diversas linguagens, interagindo com a comunidade escolar e a comunidade local. 
  2. Proporcionar ao jovem a oportunidade de reflexão sobre a importância de se promover uma cultura de paz no nosso cotidiano, estimulando o cultivo de valores como : respeito, honestidade, responsabilidade, solidariedade contribuindo para uma melhor qualidade de vida na família, escola e comunidade.








Me formei! E agora? O que fazer? Uma possível apologia?

           
Por: Ricardo de Moura Borges. ( Professor de História do Ensino Médio)


















           Diante de uma sociedade permeada pelo capitalismo e uma constate construção de inovações, o formando em licenciatura depara-se com diversos dilemas e percebe que a graduação escolhida deve passar por uma atualização constate. Muitos falam que existe um distanciamento entre o saber construído na universidade e o saber na escola de ensino fundamental e médio. Diante disso, depois da formatura, o licenciado é convidado a experimentar a realidade escolar, que tornou-se " distante", de certo modo, com o saber adquirido na universidade.
         O saber histórico, por exemplo, não diria que se distancia dessas duas realidades. Pois, ao perceber que existe uma ligação desde o período formativo, a exemplo, destaco o Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência ( PIBID), do qual tive a oportunidade de participar, mostrando o quanto deve-se entender a realidade escolar e universitária como realidades aproximadas e não distantes. E também os estágios que são iniciados desde o sexto período do curso de licenciatura. 
        Como acadêmico, passando por experiências novas, como produção de artigos, inserção grupo de teatro, estudo de disciplinas que ampliam a visão da historiografia, eventos como a Semana de História que acontece anualmente na Universidade Federal do Piauí, percebo que existe de fato uma ampliação daquilo que conhecemos por História desde o ensino fundamental e médio.
          A experiência de retorno a uma sala de aula, não mais como aluno, nem pibidiano ( termo derivado da sigla PIBID), mas sim como docente de conteúdos no ensino médio, me trouxe muitas reflexões pertinentes, por que ao mesmo tempo que o individuo passa a ser professor de história, ele constrói também uma história. Eu sempre defendi que somos formados na Universidade Federal do Piauí - campos de Picos - PI, como historiadores ( produtores de textos históricos, problematizantes e reflexivos) e também professores de história ( visto em um sentido não apenas conteudista - onde destaco, que o domínio de conteúdo é de fundamental importância, mas além disso trazendo questionamentos pertinentes em sala de aula, mostrando uma criticidade daquilo que entendemos por fatos e datas históricas). 
         Para além disso, a formatura torna-se um momento privilegiado, onde percebemos que o tempo de dedicação, esforço, vontade, percalços e vitórias atingem o seu ponto culminante. Aqui e na entrega do diploma é onde percebemos o quanto aquele papel tem um significado maior que o demonstrado nas letras diplomáticas. Eu diria, que é um momento metafísico ( para meus alunos de metafísica do ensino médios - sabem o que estou dizendo), e físico com a concretização, problematização e atualização da história em sala de aula. Também um incentivo, para todos aqueles que desejam adentrar nos caminhos da História acadêmica, pois garanto que vale apena, não apenas na ampliação de conhecimento historiográfico, mas crescimento humano como um todo, atingindo as dimensões: intelectiva, espiritual e humano afetiva.  
          Esse texto, não é apenas uma apologia ao curso de História, mas é um agradecimento vivenciado recentemente no momento da formatura, que deve ser compartilhado como motivador para todos aqueles sonham em ingressar nos diversos cursos universitários e perceberem que o ensino fundamental e médio são pontos de continuidade para a universidade e não isolados como muitas vezes o senso comum demonstra.  

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A Revolução Francesa

      A REVOLUÇÃO FRANCESA ( 1789 -  1799)




    Um dos períodos mais impactantes da história, marcado por diversas rivalidades, e grande derramamento de sangue. Por volta de 1789, a França contava com aproximadamente 25 milhões de habitantes. Era o país mais populoso da Europa Ocidental, sendo governado por um rei absolutista,  Luís XVI. A sociedade dividia-se em três grupos, chamados estados, cada qual com suas subdivisões internas, muitas vezes rivais. A sociedade estava divida em três estados:

         O primeiro estado : era formado pelo alto e baixo clero e contava com cerca de 120 mil pessoas. O alto clero reunia bispos, abades e cônegos nascidos em famílias nobres. Sua formatura vinha da renda de propriedades da Igreja e do pagamento do dízimo, que é a décima parte do ganho dos fiéis. O baixo clero era composto de sacerdotes das paróquias mais pobres. 

         O segundo estado era formado por cerca de 350 mil pessoas e dividia-se em três tipos de nobreza: cortesã, provincial e togada. Apesar das rivalidades internas, o segundo estado era a classe dominante da sociedade. A nobreza cortesã vivia no luxo e em torno do rei, em Versalhes. Recebia rendas pagas pelo Estado e não trabalhava.
           A nobreza provincial era um grupo ás vezes empobrecido, que vivia ás custas do trabalho e dos impostos que os camponeses pagavam para usar a terra de suas propriedades. A nobreza togada era uma classe rica, composta por portugueses e cargos políticos e administrativos.

            Terceiro Estado: reunia mais de 24 milhões de pessoas, que se dividiam em diferentes grupos. Havia os ricos da alta burguesia com interesses ligados aos brancos, ás grandes manufaturas e ao comércio externo.  Havia também pequenos comerciantes, artesãos e profissionais liberais, como advogados e professores. Ainda faziam parte do terceiro estado os demais trabalhadores do campo e das cidades. Os camponeses representavam cerca de 80 por cento dos franceses, incluindo desde o dono da propriedade rural até aquele que trabalhava como homem livre ou como servo. ainda submetido ás obrigações feudais. Nas cidades existia uma camada social que também integrava o terceiro estado, composta de aprendizes, assalariados e desempregados marginalizados. Cerca de 200 mil pessoas, concentradas principalmente em Paris, formavam esse grupo urbano e eram conhecidos como sans - culotes ( revolucionários que deixaram de usar calções, vestimenta semelhante á nobreza, passando a usar calças compridas).  
( BIBLIOGRAFIA: COLTRIN. Gilberto.Historiar: 8. 2ed. São Paulo: Saraiva, 2015). 


terça-feira, 16 de agosto de 2016

Por que devemos estudar sociologia?

                                                     Por: Prof.de filosofia Ricardo de Moura Borges.



"Na história alguns historiadores podem até morrer, mas na sociologia e na filosofia, sociólogos e filósofos apenas dormem".

      Provavelmente essa seja uma das questões menos pertinentes em nosso meio cotidiano. Primeiro porque muitos entendem que a sociologia deve ficar enclausurada nas paredes da escola, e não tem nada de importante a oferecer nesse mundo fora da escola. Segundo porque, estudar teóricos que moraram longe de nossa realidade como Karl Marx, Max Weber e outros, provoca um descontentamento, fadiga, cansaço. Mas seria algo natural? 
     A desnaturalização de algo nem sempre pode até incomodar, por exemplo, sairmos de nossas crenças cotidianas e duvidarmos de tudo até de nossa existência, para muitos parece papo de louco, contudo, prefiro dizer que é um papo de filósofos. Mas deixemos os filósofos para outro momento.
      Essa naturalização, que coloca muitas vezes disciplinas como a sociologia em escanteio, pode ser uma estratégia para que não se critique o sistema vigente, pois alunos adestrados, é melhor do que alunos educados para uma visão ampla de mundo. Muito se fala em formar alunos com pensamento critico, mas sabemos que na realidade isso pouco acontece, devido a estruturas ultrapassadas, sistemas políticos que não aceitam a própria critica, formação insuficiente, dentre outros aspectos. Em outras palavras, vivemos em um século onde poucos querem sair de suas zonas de conforto, para realizar um percurso de reconstrução do saber.
    Parecida com a filosofia, a sociologia tem esse papel também, de desnaturalizar o natural, e provocar questões que até determinado momento eram tidas como verdades absolutas. Muitos sociólogos brasileiros, demonstraram uma analise profunda sobre a realidade em que viviam, fazendo uma análise sociológica, como é o caso de Florestam Fernandes, por exemplo.
       Penso que sociologia, se faz necessário estudar, quando percebemos que está presente em nosso cotidiano, que precisamos sair do sono dogmático da realidade que nos apresenta aos nossos olhos, e conseguirmos ir além. Perceber que a politica em nosso país, estado ou cidade, não carecem apenas de criticas e pauladas, mas de soluções. 
      Portanto, estudar sociologia se faz necessário para entendermos o pensamento dos principais teóricos, vendo como estes usaram de sua sensibilidade para analisar o mundo, no tempo em que eles viveram. Foi assim, que Marx, torna-se além de tantos atributos, um sociólogo, estabelecendo uma critica ao capitalismo vigente, onde muitos viam como algo natural, lógico e ordenado. Lembramo-nos, que a própria história, também sofre alterações na sua perspectiva, a partir do momento que March Bloch insere outra perspectiva sobre a história e sua escrita. Perceber que a história por longos séculos foi contada apenas por vencedores, quer dizer que era naturalizada pelo historiador, pelo papel e uma simples pena ou caneta de tinta ( e divulgada pela imprensa).
      Assim, a sociologia entra com uma grande contribuição de mostrar a necessidade de olhar para o mesmo lugar com outros óculos.
Sempre brinco em minhas aulas, dizendo para meus alunos que vemos o mundo com " óculos do saber", ou seja o matemático enxerga o mundo com o olhar da matemática, contudo penso que seja muito interessante o filósofo e o sociólogo porque, eles podem sempre mudar de óculos, pois estão em constante questionamento com o mundo. As teorias sociológicas ou filosóficas em determinado momento da história podem ser aceitas ou refutadas, mas nunca mortas, o que se diferencia do historiador, que por sua vez pode ter suas teses refutadas e mortas em um contexto histórico.



sábado, 6 de agosto de 2016

Jogos Olímpicos no Brasil - O que a Grécia tem com Isso?

      



  Um dos grandes acontecimentos reproduzidos na história está acontecendo no ano corrente na cidade do Rio de Janeiro. Como são conhecidos até hoje, os jogos olímpicos começaram na região do Peloponeso na Grécia Antiga, por volta de 3 mil anos atrás. Por serem competições de esportes organizadas em Olímpia, ficou conhecido como jogos Olímpicos. A primeira competição datada é de 776 a.C, onde os jogos eram organizados de quatro em quatro anos. Esses jogos organizados em olimpíadas se desenvolveram nos Jogos Pan Helênicos.
       Pelo próprio nome pan (todo), temos a importância desses jogos levando a união do mundo Grego que era formado por uma série de cidades-estado ( cidades com autonomia politica e econômica). Muitos habitantes da Grécia e de outras colônias viajavam para a Grécia para assistir os Jogos Olímpicos, inspirados ao pertencimento de uma só cultura. 
       Pelo motivo da mitologia sempre se juntar a história dos Jogos Pan-Helenicos, não se sabe com precisão quando e como começaram de fato. Lembramo-nos que a religião da Grécia Antiga, envolvia a personalidade humana nos deuses gregos, assim, dando abertura para que os mesmos participassem dos Jogos Olímpicos e interferissem de acordo com suas vontades. 


       A importância dos Jogos Pan-Helênicos era tão forte na Grécia, que existia uma trégua sagrada. Mensageiros saiam de cidade em cidade informando as datas dos jogos Pan-Helênicos, e informavam com antecedência que todas as guerras fossem sessadas antes e depois dos jogos, para dar tempo para os atletas e espectadores viajassem com segurança aos lugares dos jogos, proporcionando um clima de paz e harmonia durante a competição. Os gregos viam no esporte parte essencial para a construção de uma boa educação. Como afirma Kyle 2007, p.07:


Gregos viam o esporte como uma parte essencial da boa educação, uma via para estabelecer o status social e a proeminência individual, um indicador de masculinidade, um terapêutico meio de canalizar a agressividade, uma preparação para os conflitos e um meio apropriado para honrar os deuses e heróis nos festivais   


        Atualmente nos Jogos Olímpicos, os primeiros lugares são condecorados com medalhas de ouro, prata e bronze. Nos Jogos Pan-Helênicos, havia somente um ganhador, onde o prêmio era uma coroa de folhas e uma grinalda, sendo em que cada local dos jogos as coroas eram feitas de diferentes tipos, por exemplo, em Olímpia, a coroa era feita de folha de oliveira selvagem; em Delfos, a coroa era feita de louros; em Corinto a Coroa era feita de Pinho; e em Nemea a Coroa era feita de aipo selvagem. 
        Os gregos acreditavam que os deuses eram quem decidiam quem merecia a vitória para um determinado atleta, onde a vitória era representadas por uma mulher com asas com o nome de Nike ( o mesmo nome da marca de tênis que conhecemos). Nike significa "Vitória", em Grego, como uma serva ou mensageira dos deuses, onde voava para a pessoa escolhida levando uma recompensa divina no formato de fita ou coroa. 


        Os campeões,  voltavam para sua cidade como famosos, e tinham direito de erguer uma estátua em seu nome, e poetas podiam escrever versos em sua honra. Voltavam como heróis de sua cidade natal, lembrando que apenas os gregos homens, podiam participar dos jogos Olímpicos.
       O encerramento dos Jogos Olímpicos, deu-se a por diversas razões, dentre eles destacamos o politeísmo, onde era uma particularidade da Grécia Antiga, sendo dedicados as divindades. Com o surgimento e ascenção do Cristianismo, e a conversão dos imperadores romanos ao cristianismo, colocou-se como intolerância aos jogos. O imperador Teodósio I, no ano de 393 d. C, após sua conversão ao cristianismo, decide abolir os jogos Olímpicos. 
      
BIBLIOGRAFIA:

KYLE, D.G. Sport and Spectacle in the Ancient World. Malden / Oxford: Blackwell Publishing, 2007.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

AQUINO NETO, F.R. O papel do atleta na sociedade e o controle de dopagem no esporte. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v.7, n.4, p.138-48, 2001. 

COLTRIM, Gilberto. História Global - 1.São Paulo: Saraiva, 2013.

LAGARDERA OTERO, F. (Coords.). Sociología del deporte. Madrid: Alianza Editorial, 1998.  



quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Planejamento Pedagógico, pra que serve? (Definitivamente, o que Sócrates tem com isso?)

 Prof. de filosofia: Ricardo de Moura Borges.¹


















            Como professor de filosofia, sempre me perguntei sobre aquilo que parece banal, ou obvio para muitos. A cada participação de planejamentos pedagógicos durante os estágios na graduação de filosofia, sempre me veio as seguintes indagações: Para que serve esse planejamento? A escola é uma empresa que atende aos meios capitalistas, e por isso, existe uma necessidade de planejar o que vai acontecer por semestre? Qual a função do coordenador e diretor no Planejamento?. Dentre outras, destaco essas acima citadas, e coloco que muitos questionamentos ainda surgem hoje como professor, onde respostas que antes eu havia encontrado, vezes por outra se desmancham no ar. como afirma Shimitz, 2000, p. 84: 


" Qualquer atividade para ter sucesso precisa ser planejada. planejamento é uma espécie de garantia dos resultados. E sendo a educação, especificamente a educação escolar , uma atividade sistemática, uma organização da situação de aprendizagem, ela  necessita evidentemente de planejamento muito sério. Não se pode improvisar educação, seja ela qual for seu nível." 


                 Dessa forma, concordo que tem coordenadores, diretores que improvisam tudo, e até mesmo professores, que não fazem planos de aula, que colocam a culpa no aluno, destacando que muitos professores da própria rede de ensino público, matriculam seus filhos na rede particular de ensino, mostrando descredito na própria instituição que trabalham.
            Entendo a escola como uma empresa sim, que inserida no meio capitalista – realidade – que não podemos fugir -, mas que agregada a um lucro não imediato, assim, como visam as demais empresas, como por exemplo, uma empresa de televisores ou celulares, necessita traçar metas, ou seja fazer um planejamento para atingir um fim lucrativo, onde se evidenciam três pilares: pessoas, processo e produto. Contudo, percebo a escola como um meio do qual, os professores preparam os alunos para um estabelecimento social futuro, dessa forma seria um lucro futuro. Mesmo com a pouca experiência como professor, já tive a oportunidade de ouvir alunos que ingressaram na faculdade e agradecerem pelo método de aula antes visto, assim, penso que o lucro é essa satisfação. Claro que não estou reduzindo apenas a isto, tendo em vista, que vivemos numa sociedade marcada pelo capitalismo, então, é justo e necessário que o trabalhador ( professor), receba seu salário.
            Em segundo momento, respondendo a primeira indagação, penso que os coordenadores ou diretores das escolas tem a função primordial, de zelar, fomentar e estabelecer metas para que aja sucesso da empresa escolar. Felizmente, nas escolas que tive a oportunidade de trabalhar evidenciei ora, um zelo pela educação por parte deste, quanto dos demais professores, mas infelizmente nem tudo é só bonança e motivação, existem o joio, ou seja, aqueles que não procuram realmente um avanço na educação, e de certa forma tolhem as inúmeras possibilidades da educação, com planejamentos pedagógicos mal preparados, constante busca de erros nos professores ou nos alunos e até na estrutura física da escola, mas sem pensar que o erro esta em si próprio, e outros casos que não cabem evidenciar.
            Destaco algumas questões importantes sobre o planejamento pedagógico, apontados pela ESCOLA NORMAL OFICIAL DE PICOS, (onde sou professor substituto de filosofia):

  • ·         Planejamento cuidadoso das atividades de ensino aprendizagem realizadas em sala de aula;

  • ·         O ensino requer organização, planejamento e sistematização;

  • ·         Releitura critica dos conteúdos programáticos, buscando contextualiza-los e relaciona-los com a realidade;

  • ·         Aplicação de atividades referentes ao conteúdo estudado – estratégia que propicia autonomia, responsabilidade e aprendizagem.

  • ·         A disciplina em sala de aula é elemento imprescindível no processo ensino aprendizagem – casos específicos de indisciplina devem ser encaminhados a direção e coordenação.

  • ·          Preenchimento dos diários ( importante ter em mãos as resoluções sobre preenchimento de diários disponível no site do MEC e neste blog também).
  • ·         Formação continuada. ( Que infelizmente por diversos fatores, em algumas escolas deixou a desejar tal formação, mas a ENOP está de parabéns com grupos de estudos em diversas áreas: exatas, história, sociologia e etc). Gostei muito dessa proposta.
  • ·         Atenção a diversidade e especificidade do aluno do ensino médio – formado por alunos trabalhadores, quase todos com jornada de oito ou mais horas diárias, muitas vezes  em atividades pesadas e difíceis. ( Inclusive destaco, alunos de Geminiano, por exemplo, migrando para a ENOP – Por que?, e alunos de Picos não freqüentando as escolas da cidade – Por que ?).

  • ·         Desempenho mais baixo, carga horária menor, maior taxa de reprovação e evasão escolar.

  • ·         Os professores estão no terceiro turno do trabalho diário.


Essas provocações em minha mente, se deram a partir de um encontro formativo na ESCOLA NORMAL OFICIAL DE PICOS e também em encontros na Unidade Escolar Landri Sales, onde percebi a necessidade de motivação para os professores, coordenadores, diretores das escolas. É essa motivação que nos da consciência do que é ser professor, e do nosso papel na sociedade. Quão bom seria se outras escolas, preparassem um planejamento saudável, com dinâmicas, interação, participação, mostrando que a escola, ou seja, o corpo de pessoas que forma a escola humana, diferente da escola física ( tijolos, pedras, telhas e etc), está em convivência como uma família. Assim, que eu vejo cada escola que eu trabalho, como uma família, que envolve relações pessoais, amor e dedicação com a aprendizagem.

      Penso que tenho muito que aprender ainda, como Sócrates que afirmava: “Só sei que nada sei, e o fato de saber disso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem de alguma coisa”. Assim, percebo o quanto a filosofia é validade e fundamental no cotidiano quer seja escolar ou não, e quanto ainda temos ( mesmo aqueles que pensam, que sabem de alguma coisa, e tentam tolher os iniciantes), a aprender no processo de educativo existencial, que rompe com os muros da escola.



¹Graduado em Licenciatura em Filosofia pelo ICESPI ( Instituto Católico de Estudos Superiores do Piauí) . Graduado em Licenciatura em História pela UFPI  ( Picos - PI).  Graduando em Sociologia pela UNINTER. Pós graduando em História da África e Indígena pela UNINTER.