quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Planejamento Pedagógico, pra que serve? (Definitivamente, o que Sócrates tem com isso?)

 Prof. de filosofia: Ricardo de Moura Borges.¹


















            Como professor de filosofia, sempre me perguntei sobre aquilo que parece banal, ou obvio para muitos. A cada participação de planejamentos pedagógicos durante os estágios na graduação de filosofia, sempre me veio as seguintes indagações: Para que serve esse planejamento? A escola é uma empresa que atende aos meios capitalistas, e por isso, existe uma necessidade de planejar o que vai acontecer por semestre? Qual a função do coordenador e diretor no Planejamento?. Dentre outras, destaco essas acima citadas, e coloco que muitos questionamentos ainda surgem hoje como professor, onde respostas que antes eu havia encontrado, vezes por outra se desmancham no ar. como afirma Shimitz, 2000, p. 84: 


" Qualquer atividade para ter sucesso precisa ser planejada. planejamento é uma espécie de garantia dos resultados. E sendo a educação, especificamente a educação escolar , uma atividade sistemática, uma organização da situação de aprendizagem, ela  necessita evidentemente de planejamento muito sério. Não se pode improvisar educação, seja ela qual for seu nível." 


                 Dessa forma, concordo que tem coordenadores, diretores que improvisam tudo, e até mesmo professores, que não fazem planos de aula, que colocam a culpa no aluno, destacando que muitos professores da própria rede de ensino público, matriculam seus filhos na rede particular de ensino, mostrando descredito na própria instituição que trabalham.
            Entendo a escola como uma empresa sim, que inserida no meio capitalista – realidade – que não podemos fugir -, mas que agregada a um lucro não imediato, assim, como visam as demais empresas, como por exemplo, uma empresa de televisores ou celulares, necessita traçar metas, ou seja fazer um planejamento para atingir um fim lucrativo, onde se evidenciam três pilares: pessoas, processo e produto. Contudo, percebo a escola como um meio do qual, os professores preparam os alunos para um estabelecimento social futuro, dessa forma seria um lucro futuro. Mesmo com a pouca experiência como professor, já tive a oportunidade de ouvir alunos que ingressaram na faculdade e agradecerem pelo método de aula antes visto, assim, penso que o lucro é essa satisfação. Claro que não estou reduzindo apenas a isto, tendo em vista, que vivemos numa sociedade marcada pelo capitalismo, então, é justo e necessário que o trabalhador ( professor), receba seu salário.
            Em segundo momento, respondendo a primeira indagação, penso que os coordenadores ou diretores das escolas tem a função primordial, de zelar, fomentar e estabelecer metas para que aja sucesso da empresa escolar. Felizmente, nas escolas que tive a oportunidade de trabalhar evidenciei ora, um zelo pela educação por parte deste, quanto dos demais professores, mas infelizmente nem tudo é só bonança e motivação, existem o joio, ou seja, aqueles que não procuram realmente um avanço na educação, e de certa forma tolhem as inúmeras possibilidades da educação, com planejamentos pedagógicos mal preparados, constante busca de erros nos professores ou nos alunos e até na estrutura física da escola, mas sem pensar que o erro esta em si próprio, e outros casos que não cabem evidenciar.
            Destaco algumas questões importantes sobre o planejamento pedagógico, apontados pela ESCOLA NORMAL OFICIAL DE PICOS, (onde sou professor substituto de filosofia):

  • ·         Planejamento cuidadoso das atividades de ensino aprendizagem realizadas em sala de aula;

  • ·         O ensino requer organização, planejamento e sistematização;

  • ·         Releitura critica dos conteúdos programáticos, buscando contextualiza-los e relaciona-los com a realidade;

  • ·         Aplicação de atividades referentes ao conteúdo estudado – estratégia que propicia autonomia, responsabilidade e aprendizagem.

  • ·         A disciplina em sala de aula é elemento imprescindível no processo ensino aprendizagem – casos específicos de indisciplina devem ser encaminhados a direção e coordenação.

  • ·          Preenchimento dos diários ( importante ter em mãos as resoluções sobre preenchimento de diários disponível no site do MEC e neste blog também).
  • ·         Formação continuada. ( Que infelizmente por diversos fatores, em algumas escolas deixou a desejar tal formação, mas a ENOP está de parabéns com grupos de estudos em diversas áreas: exatas, história, sociologia e etc). Gostei muito dessa proposta.
  • ·         Atenção a diversidade e especificidade do aluno do ensino médio – formado por alunos trabalhadores, quase todos com jornada de oito ou mais horas diárias, muitas vezes  em atividades pesadas e difíceis. ( Inclusive destaco, alunos de Geminiano, por exemplo, migrando para a ENOP – Por que?, e alunos de Picos não freqüentando as escolas da cidade – Por que ?).

  • ·         Desempenho mais baixo, carga horária menor, maior taxa de reprovação e evasão escolar.

  • ·         Os professores estão no terceiro turno do trabalho diário.


Essas provocações em minha mente, se deram a partir de um encontro formativo na ESCOLA NORMAL OFICIAL DE PICOS e também em encontros na Unidade Escolar Landri Sales, onde percebi a necessidade de motivação para os professores, coordenadores, diretores das escolas. É essa motivação que nos da consciência do que é ser professor, e do nosso papel na sociedade. Quão bom seria se outras escolas, preparassem um planejamento saudável, com dinâmicas, interação, participação, mostrando que a escola, ou seja, o corpo de pessoas que forma a escola humana, diferente da escola física ( tijolos, pedras, telhas e etc), está em convivência como uma família. Assim, que eu vejo cada escola que eu trabalho, como uma família, que envolve relações pessoais, amor e dedicação com a aprendizagem.

      Penso que tenho muito que aprender ainda, como Sócrates que afirmava: “Só sei que nada sei, e o fato de saber disso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem de alguma coisa”. Assim, percebo o quanto a filosofia é validade e fundamental no cotidiano quer seja escolar ou não, e quanto ainda temos ( mesmo aqueles que pensam, que sabem de alguma coisa, e tentam tolher os iniciantes), a aprender no processo de educativo existencial, que rompe com os muros da escola.



¹Graduado em Licenciatura em Filosofia pelo ICESPI ( Instituto Católico de Estudos Superiores do Piauí) . Graduado em Licenciatura em História pela UFPI  ( Picos - PI).  Graduando em Sociologia pela UNINTER. Pós graduando em História da África e Indígena pela UNINTER. 

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