segunda-feira, 26 de março de 2018

Jornal Corujinha 2018 - Segunda Edição






Acesse a Segunda Edição do Jornal Corujinha da Escola Estadual Pedro Evangelista Caminha, com publicações, charges, desenhos e muito mais, produzidos pela comunidade escolar apresentando de forma interativa e dinâmica uma reflexão sobre a escola contemporânea. 
   Basta clicar em: SEGUNDA EDIÇÃO JORNAL CORUJINHA - MARÇO 2018 para ter acesso. Boa leitura!

terça-feira, 20 de março de 2018

Metodologia do ensino em Ciências Sociais - É Hora de Ler 09 - 2018


Por: Prof. Esp. Ricardo de Moura Borges.


ZORZI, Analisa. Metodologia do ensino em Ciências Sociais. Curitiba: InterSaberes, 2013. 115 p.



    Esta obra apresenta uma diversidade de temas e orienta professores e educandos para a perspectiva educativa, historicizando e problematizando o ensino das Ciências Sociais no Ensino Médio. A obra está divida em dez capítulos, a saber: Sociologia no Ensino Médio: Para quê? ; O Educador no Ensino médio: desafios à prática educativa; O educando no Ensino Médio; A investigação da realidade como base para a construção do programa de estudos; O Sistema de Ensino no Brasil analisado sob uma óptica sociológica; A escola entre práticas e intenções: o currículo como articulador de projetos e planejamentos; Construindo novos Parâmetros de avaliação; A Sociologia no Ensino Médio: a partir do que? A Sociologia no Ensino Médio: O que Ensinar?;
        Essas problemáticas apresentadas levam a uma reflexão sobre uma disciplina que além de ser dada como contemporânea em seu processo de existência, a partir dos fins do século XVIII e início do século XIX na Europa, passa pelo Brasil inicialmente de forma intensa a partir dos fins do século XIX e início do século XX com a corrente positivista, que procura construir a ideia de brasilidade e de brasileiros, influenciando as ideais de patriotismo culminante na bandeira do Brasil, com o " ordem e progresso". Mas que posteriormente perde sua força, principalmente quando foi excluída do currículo escolar na ditadura militar, juntamente com a filosofia. 
        Sendo que algumas escolas brasileiras da rede particular de ensino inserem a sociologia, sendo que é vista nas Escolas Normais com o nome de Sociologia da Educação.  Nessa perspectiva de métodos, caminhos, são construídos espaços ou seja, possibilidade que se concretiza quando o ensino da Sociologia no Ensino Médio,  dada pela Leis de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira ( LDB) e a sua inserção como disciplina obrigatória como o disciplina curricular a partir de 2008. Entendemos que os temas, teorias e conceitos devem favorecer a aprendizagem do aluno, mantendo uma educação dialógica como aponta o educador brasileiro Paulo Freire.
        Portanto, a intenção central da obra é levar o professor de sociologia e os educandos para uma reflexão constante de suas práticas educativas, com a finalidade de aproximação do conhecimento de forma segura, contextualizada e aprimorada frente aos desafios que a sociedade hodierna apresenta em nossos tempos. 
Nos encontramos na próxima resenha. Não perca, pois, ler é o caminho!

sexta-feira, 2 de março de 2018

O Iluminismo e os Reis Filósofos - É Hora de Ler 8. 2018


Por Ricardo de Moura Borges.

Para ter acesso a obra completa basta clicar aqui, e boa leitura!

FORTES, Luís Roberto Salinas. O Iluminismo e os Reis Filósofos. São Paulo: Brasiliense,2004.

       Praticamente um livro de bolso que proporciona uma reflexão sobre um dos momentos mais marcantes para o início da história contemporânea, que é o Iluminismo, ou época das Luzes, caracterizado pelo marco do ano de 1789. O livro está dividido no seguintes capítulos: Introdução, Os filósofos reis, Luzes que se acendem; A "vanguarda" iluminada, O Evangelho dos Novos Tempos, Os reis filósofos?,  A Emancipação difícil, e por fim, indicações para leitura.
       O autor foi professor de História da Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Nasceu em 1937 e morreu em 1987. Ressaltamos que essa pequena obra, nos dias atuais é referência nos cursos de História, indicada na bibliografia nos planos de cursos de algumas disciplinas, pois proporciona problematizações pertinentes nos dias atuais.
       A obra apresenta uma leitura agradável estabelecendo constante diálogo com o leitor, na verdade, é um daqueles livros que parece que o autor está realmente sentado na mesa com o leitor tomando um chá ou café e dialogando sobre o tema de forma clara, precisa e trazendo questionamentos que fazem conexões com o tema. 
       Na introdução temos um convite a proposta problemática a partir da questão dos direitos humanos, onde é marcado historicamente o início, como vemos na p. 7: " Pois bem: foi no século XVIII - em 1789, precisamente  - que em uma Assembléia Constituinte - outra fórmula politica, que também se encontra na ordem do dia, ao menos no Brasil - produziu e proclamou em Paris solenemente, a primeira " Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" de que se tem notícia. Nessa perspectiva de que antes desse marco o homem não existia, inicia-se a discussão sobre e antes disso? Como era? Que movimento deu-se nessa culminância? E até mesmo pensarmos que mesmo que existam os direitos do homem, não necessariamente podemos concluir que são cumpridos efetivamente. O foco porém, é tentar entender a p. " mutação no plano das ideias e mentalidades" no período da Revolução Francesa. Esse rico arsenal de ideias na Europa pode ser estudado a partir de três lugares distintos mas que produziram muito, que são a França, a Inglaterra e a Alemanha. E a partir dos documentos desta filosofia é que podemos encontrar essas mentalidades, por exemplo, em p. 8 "O Espírito das Leis de Montesquieu, que estão ligados Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, Diderot, D'Alembert e outros". Dessa forma, ou autor nos dias que para compreender o iluminismo temos que p. 9 " estudá-lo bem de perto e interrogá-lo, problematizá-lo", para entender que os homens iluministas valorizam a razão, justamente para tornarem-se livres e autônomos. Lembremos da ordem básica ensinada e encontrada nos livros didáticos: Liberdade, igualdade e Fraternidade, que na verdade ( rimando...) modificou-se por completo a partir de sua estruturação pós movimento revolucionário.
          No capítulo os Filósofos-reis, temos uma original feita de um jogo de cartas de 1793 produzido por Gayant, na cidade de Paris, uma ilustração de filósofos nas cartas de Baralho, aliás não apenas "filósofos" de " virtudes" e de " soldados da República". O autor coloca em evidencia apenas a representação dos reis, onde temos o rei de paus a figura de Rousseau e no lugar do rei de ouros temos Voltaire, sendo que os dois outros reis tem-se "homens de letras", a saber: La Fontaine e Molière. A referência a reis filósofos, com analogia a menção da República de Platão, onde quem deve governar é o rei-filósofo, agora invertido para filósofo rei, mostra que o ideário do Iluminismo é justamente um reino dado pela Razão, p. " eis a ideia mestra das Luze, eis aí sua palavra de ordem principal".  Contudo esse movimento está marcado por uma multiplicidade de ideais e como aversão aos grandes sistemas filosóficos estipulados até então: Descartes e Spinoza, e também que entre esses pensadores não existe uma seita, um partido politico, mas uma luta, e se algo os une é a proposta de formulação da Enciclopédia.  Esse processo de transformação e analisado na França, Inglaterra ou na Alemanha está marcado pelo lento processo de transição do sistema feudal para o sistema capitalista, dado desde o século XV.  Diderot diz p. 16: " Cada século tem um espírito que o caracteriza: o espírito do nosso parece ser o da liberdade". Essa liberdade está marcada frente a tradição da religião católica que entra em crise devido a decadência do sistema feudal. Com o alvorecer de novos pensadores, o mercantilismo e cientistas fazemos entender as palavras de Poper, poeta inglês ao declarar que p. 26: " A natureza e as suas leis jaziam na obscuridade./ Deus disse: " Que Newton seja", e tudo se tornou luz". 
           Temos em Luzes que se Ascendem dois filósofos iluministas que fazem parte dessa geração: Montesquieu e Voltaire. Primeiro Charles Louis de Secondat que nasceu em 18 de janeiro de 1689 no castelo de la Brède, nas proximidades de Bordeaux. Esse é Montesquieu o autor de O Espírito das Leis, onde apresenta como tese central, p. 33: " As leis, escritas ou não, que governam os povos não são fruto do capricho ou do arbítrio de quem legisla.  Ao contrário decorrem da realidade social e histórica concreta própria ao povo considerado". O que é uma lei? p. 34 " As leis, na sua significação mais extensa, são as relações necessárias que derivam da natureza das coisas".  Interessante que a partir das questões de Montesquieu, anos mais tarde o sociólogo Durkheim p. 38 " considera Montesquieu e Rousseau os grandes precursores da sociologia.  Em linhas gerais temos o p. 40 " Polemista, vigoroso, crítico mordaz da Religião e da Monarquia", François Marie Arout, que nasceu em Paris no ano de 1694 e morreu no ano de 1778. Sua vida pode ser dividida em dois períodos: Uma brilhante carreira nas letras, e depois dos 60 anos de idade volta-se para uma atuação politica intensa, sendo que sua vida vida estão direcionadas para p. 41 " a Razão e o seu exercício". Mesmo sendo crítico da Igreja não se considera ateu e até escreve p. 42: " Noutros tempos , qualquer pessoa  que fosse detentora de um segredo numa arte, corria logo o perigo de ser tomada por feiticeiro; qualquer seita nova era logo acusada de imolar criancinhas nos seus sacrifícios e atos de cultos e o filósofo que se afastasse da terminologia da escola - ou seja, da filosofia escolástica - era acusado de ateísmo pelos fanáticos e pelos velhacos e condenado pelos idiotas". 
             Os tempos da Vanguarda Iluminada são marcadas pelo destaque que se tem da França em particular Paris nesse período, onde p. 46 Marivaux " na sua famosa tirada diz que Paris - diz ele - é o mundo; o resto da terra é o seu subúrbio".  Claro que o iluminismo atingiu outras partes do mundo, como a América nos Estados Unidos e no Brasil com a implantação da república de um estado laico dentre outros fatores. O iluminismo está ligado a formação da Enciclopédia, que se destacam: Diderot, Rousseu, Voltaire, Montesquieu, D' Alembert,  Encontramos p. 50 " como expostas em uma vitrina, as ideias principais da burguesia do século XVIII". A principal figura é Diderot que exerceu muita influência com seus contemporâneos, p. 52 " escreveu peças de teatro, romances e ensaios filosóficos".  É com Diderot que rompe-se definitivamente os laços entre Filosofia e Teologia, pois este professa p. 55 " ateísmo e um consequente materialismo".  Temos a ramificação do  iluminismo na Alemanha onde destacamos os pensadores: Wolff Reimarus, Lessing e Herder.
             No Evangelho dos Novos Tempos temos uma breve observação sobre a vida do filósofo que marcou época Jean Jacques Rousseau que se destaca como filósofo cristão, para ele p. 65 " há um mesmo Deus que rege o  universo, Senhor supremo tal como ensinam as páginas desse livro imortal que é a Bíblia". Primeiro em sua vida interessou-se por música e depois atingiu o campo da literatura sendo aplaudido e perseguido. Escreveu várias obras, mas apontamos O Contrato Social e o Emílio que trata da Educação como as principais ou as mais discutidas até os nossos dias. Rousseau seria iluminista? p. 72 : " Não se sabe. O que se sabe de efetivo é que sua obra é mesmo muito complicada, com mil meandros e aparentes contradições insuperáveis. Ele parece desdizer em uma página o que disse em outra. Briga com todo mundo, como já dissemos, com os clérigos católicos de um lado e, de outro, com o partido adverso, os dos philosophes. Todos fazem dele uma imagem terrível e o fantasiam como a um verdadeiro monstro insociável a escrever paradoxos ininteligíveis". Na verdade Rousseau é um cristão sincero, por não concordar com os materialistas e ateus da Enciclopédia e criticar os padres, acabava-se isolando, pois p. 73 " tinha, pois, logicamente, que romper, embora conservando com eles longínquos laços e acreditando na sua Razão histórica".
            Os Réis filósofos são justamente os reis despostas que encontramos nos livros de história que movidos e motivados pelos ideais iluministas muitas vezes financiavam as obras dos filósofos e protegiam quando eram perseguidos.  Frederico II da Prússia destaca-se como déspota esclarecido, que além de atividade como governante deixou uma obra teórico filosófica. Escreveu a obra Anti Machiavel ( 1740); História do Meu tempo ( 1746), Testamento Político ( 1752), Ensaios sobre formas de Governo e Sobre os Deveres do Soberano ( 1746). Como nos diz o autor p. 77: Além da proteção e do incentivo que dedica às letras, às artes e às ciências, internamente Frederico é um agente "moderninzador" para as regiões atrasadas da Prússia".  Uma rainha que se destaca é Catarina que também ajudou muitos filósofos e agiu como agente modernizadora. produziu p. 79: " grandes transformações no país, produzindo, por exemplo, a edificação de um grande parque industrial de minas e metalurgia de ferro e cobre na intensa região dos montes Urais".
         No ultimo capítulo temos a Emancipação difícil, onde a reflexão recai sobre a continuidade do movimento iluminista, que na verdade trouxe uma lógica de solidificação do capitalismo, dando as riquezas estabelecidas das mãos dos Senhores feudais agora para os poderosos e pomposos burgueses. Seriam os iluministas fiéis ao espírito iluminista (p.86), pergunta o autor e responde com Kant p. 86 " Ousar saber: parece um milagre até que essa reinvindicação tenha aparecido na época e tenha sido levantada heroicamente por um punhado de terríveis literatos políticos. Depois do capitalismo quis se somar a seus sonhos e deles se apoderou, acabando por destroçá-lo de maneira impiedosa".
        Teria o sonho Iluminista acabado de vez? Fome, miséria e contradição social e politica é o que vivenciamos, assim como vivenciaram aqueles como Rousseuau e lutaram pela Revolução. Este livro proporciona uma crítica social e intelectual de forma perspicaz inquietando o leitor atento. 
          Boa leitura, nos encontramos na próxima resenha de livro, pois ler é o caminho!