domingo, 11 de fevereiro de 2018

Fundamentando Pedagogicamente o Ensino Religioso. É Hora de Ler 6. 2018

Por Ricardo de Moura Borges



RODRIGUES, Edile Maria Fracaro. Fundamentando Pedagogicamente o Ensino Religioso. Curitiba: InterSaberes, 2013. p. 173.

        Uma obra de fundamental importância para o aprendizado e aprofundamento sobre uma disciplina que tem pouca carga horária nas escolas, mas que se faz como importante para a formação das dimensões do ser humano. Está dividido em seis capítulos, onde destacamos na sequência de capítulos: Ensino Religioso na Construção de uma Identidade Pedagógica; O Ser Humano, um Ser Questionador; O Ser Humano, Um Ser Sociocultural; O Ser Humano, um Ser Investigador; Desenvolvimento da Experiência Religiosa; e no último capítulo, Conhecimento Religioso: Resultados de um Processo.
               Partido do pressuposto de que o Ensino Religioso é um desafio a ser enfrentado, onde deve-se tratar de pensar o mesmo contemplando as diversas possibilidades de manifestação, lutando contra as formas de preconceito, entendemos que em muitas realidades escolares e discursos proferidos quer por professores ou alunos encontramos uma dogmatização, catecismo ou orientação para uma única possibilidade de manifestação religiosa. O fato de ser facultativo, a compreensão de sua natureza e tratamento metodológico a ser efetivado na sua prática são problemas a serem encarados na realidade escolar. 
           O Ensino Religioso fundamenta-se como área do conhecimento, por isso o livro se fundamenta em três áreas do conhecimento de suma importância: a antropologia, sociologia e a psicologia da criança. Dessa forma, tem como objetivo identificar o processo do conhecimento religioso. Tendo em vista que não é através da teologia que o livro se debruça, mas justamente sobre a perspectiva da Ciência da Religião com a finalidade de favorecer a compreensão do Ensino religioso na esfera nacional. Assim, o livro passa por uma contextualização do Ensino Religioso, depois coloca elementos da identidade deste componente curricular nas escolas demonstrando que o ser humano tem como foco o processo, daí entendemos as dimensões apresentadas acima: aspectos antropológicos ( o ser humano, um ser questionador); aspectos sociológicos ( o ser humano, um ser sócio cultural) e psicológicos ( o ser humano, um ser investigador). A cultura é de fundamental importância a ser estudada, pois esta molda as concepções do ser humano.
          Entendemos que o processo de formação do ensino religioso da-se desde sua formação tenra, onde os pais, as instituições religiosas, a cultura imprime as concepções de religião de cada sujeito. O ensino Religioso  nas escolas em nosso tempo tem um papel diferente de quando a religião oficial do da nação se separou do estado em 1989, quando existia uma aversão com princípios do positivismo no Brasil, apresentando uma laicidade. Como salienta os autores do livro, p. 9: " COMO ÁREA DO CONHECIMENTO, O  Ensino Religioso tem como proposta analisar e pesquisar o campo religioso dentro de sua diversidade, a partir de uma visão ampla. Hoje, o papel do Ensino Religioso na escola é demonstrar e formar alunos críticos que venham a desempenhar uma autonomia no processo investigativo, não desconsiderando a religião ( que é uma forma de conhecimento), mas demonstrando capacidade de entender as diversas possibilidades de manifestações religiosas, saindo do campo da intolerância religiosa. 
            Como destacado acima em caixa alta, percebemos que estamos marcados por uma cultura, ou uma forma de pensar que descaracteriza o Ensino Religioso como área do conhecimento, por isso é necessário destacar a sua importância frente aos desafios enfrentados pelo professor e aluno nas escolas. Assim, como salienta os autores p. 9 e 10: " Sabemos que a Família e a Igreja, são espaços por excelência da reflexão do conhecimento religioso,  mas a escola pode ser um espaço privilegiado para se realizar tais discussões. Longe de quaisquer forma de proselitismo, o espaço escolar pode dar a todo indivíduo a oportunidade de refletir sobre as questões fundamentais de sua existência favorecendo a inserção do aluno no dia-a-dia, nas questões sociais marcantes e em um universo cultural maior". Mas como isso é possível? Primeiro por uma formação solida do professor em Ensino religioso, e não só deste mas de toda a comunidade escolar, para depois por meio de um processo atingir a consciência e maturidade dos alunos para agregarem as ferramentas necessárias no seu processo de desenvolvimento social. 
             O propósito desta resenha não foi apresentar os capítulos separadamente como nas demais resenhas, mas demonstrar como um todo a reflexão proposta pelos autores do livro, mas destacamos a importância da psicologia da educação no processo de ensino-aprendizagem, apresentado no capítulo dois do livro, onde encontramos: 2.2 O desenvolvimento cognitivo segundo Piaget; 2.3Vigotsky: O Pensamento e a Linguagem; e, 2.4: Wallon e a Gênese da Inteligência; Aqui entendemos a necessidade de estudo destes autores que tratam justamente sobre o processo de formação do ser humano em suas diversas fases de vida demonstrando o que é característico de cada fase. 
              Assim, para não concluir entendemos que essa sensação que todos temos de finitude nos leva a um conflito constante nos mostrando a necessidade de busca do Transcendente tanto nos rituais como em outras formas simbólicas. Quando tomamos consciência de nós mesmos ( identidade - até hoje não sei me definir - pensamento do resenhista), dos outros ( alteridade) e do espaço que ocupamos ( cultura), passamos a nos preocupar com o inicio e o fim de nossos destinos. De onde viemos? O que há após a morte?. Contudo, a perspectiva do livro é de compreender o desenvolvimento da criança, suas inquietações sobre a realidade desconhecida. Piaget identificou e estudou o pensamento e a inteligência desde criança até o adulto. Já Vigostsky investigou o papel dos mediadores simbólicos, e destaca-se sobre o estudo da linguagem como processo de formação da mente. Por último Wallon, mostra um estudo sobre a gênese da inteligência é de cunho genético ( de pais para filhos), e organicamente social. Os homens organizam-se por meio da atualização constante da cultura. Dessa forma, o aluno que tem a oportunidade de viver com o diferente, a partir de diversas manifestações religiosas demonstram uma possibilidade de abertura para o conhecimento. Durante a leitura deste livro lembre de uma experiência de campo que tive quando cursava a disciplina Filosofia das Religiões no curso de graduação Licenciatura em Filosofia, onde penso que foi justamente em contato com outras tradições tive um enriquecimento cultural, intelectual quebrando com preconceitos e intolerância religiosa antes tidas. Justamente nessa perspectiva que o livro nos leva a refletir sobre o papel da escola e importância do Ensino Religioso. 
Caro leitor, esperamos por você na próxima resenha! Não Perca, pois, Ler é o Caminho!

           



Nenhum comentário: