domingo, 9 de julho de 2017

Valei meu padrinho, Padim Ciço !

  " Meus amiguinhos, quem matou não mate mais ! 
   Quem roubou não roube mais! 
    Quem pecou não peque mais! 
   Os amancebados se casem!
( Pe. Cicero Romão Batista)1

Por: Prof. Esp. Ricardo de Moura Borges. 
















                   Enquanto estudante no Curso de História ( graduação na UFPI), nunca tive a oportunidade de ir a Juazeiro encontrar o lugar de morada do tão conhecido e falado Padre Cícero, apenas agora como professor de história tive a oportunidade de ir ao lugar de morada do padre Cícero, deparando com a história e a lenda, mito misticismo envolto na fé daquele lugar. 
                         O jornalista Jaime Klintowitz nos apresenta o Padre Cicero em seu livro a História do Brasil em 50 frases em uma forma peculiar. Assim, " O padre Cicero Romão Batista tinha 28 anos quando em 1872 se instalou no Juazeiro do Norte, no Ceará, então um arraial com duas ruas e trinta casas de taipa. Ele mandou no Vale do Cariri até morrer em 1934". Tanto a epigrafe como as histórias que são contadas por diversos estudiosos nos apresentam o padre, o prefeito, o coronel, o homem nordestino que se transformou em um mito, com diversas histórias, tradições e saberes populares. 
                          Cicero fez os votos de castidade aos 12 anos de idade, onde teve a inspiração de São Francisco de Sales. Jesus Cristo teria aparecido pessoalmente em sonhos e teria carregado o padre de cuidar dos pobres do sertão nordestino. As pessoas da época já falavam das muitas curas obtidas graças a intermediação do padre á Jesus Cristo.  Mesmo hoje ao visitar o horto onde encontramos o museu do Padre Cicero ficamos abismados com a quantidade de pessoas que deixaram seus relatos de fé ao pedir interseção ao padre e ser atendido, curado de diversas enfermidades, basta entrar nas salas do museu e apreciar a quantidade imensa de súplicas e agradecimentos por preces atendidas. 
                           O fato de maior destaque em vida do Padre foi o de 1889 ( ano da proclamação da República do Brasil), onde o padre afirmava que no momento da comunhão, a hóstia tornou-se em sangue diversas vezes ao ser entregue na boca de uma beata. Hoje vemos duas imagens de cera representando o Padre Cícero e a Beata, onde no museu temos o relato que os restos mortais da mesma posteriormente após sua morte nunca mais foram encontrados. No ano do acontecimento, foi o estopim para que Cícero fosse banido da Igreja, onde primeiro o Bispado de Fortaleza foi investigar o caso e encaminhou para a Santa Sé. Mesmo afastado e impedido de celebrar a missa, muitos sertanejos da época o buscavam constantemente. A cidade de Juazeiro era uma cidade de médio porte, com ruas repletas de romeiros, vendedores ambulantes e diversos beatos vestidos com roupas franciscanas. Não diferente de hoje em 2017 onde encontramos muitos ambulantes, vendedores de terços, e outros artigos religiosos. Diz-se que a mensagem de Padre Cícero era a mesma: " Meus amiguinhos, quem matou não mate mais!Quem roubou não roube mais! Quem pecou não peque mais! Os amancebados que se casem!. 
                            No horto é celebrado atualmente uma missa a cada hora onde muitas pessoas estão sempre presentes vindas de várias regiões do Brasil. Também temos a estátua de Padre Cícero onde muitos sobem e escrevem seus nomes pedindo graças a serem alcançadas ou agradecendo graças alcançadas a Jesus Cristo por meio do padre Cícero Romão Batista. 

1 A descrição da benção diária do Padre Cícero é do historiador Frederico Pernambuco de Mello, em Benjamin Abrhão, entre anjos e cangaceiros. Escrituras: São Paulo: 2012.
Referências

KLINTOWITZ, Jaime. A História do Brasil em 50 frases. Rio de Janeiro: Leya, 2014.

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